Ciclos biológicos de trematódeos de anfíbios em um fragmento de cerrado, Selvíria, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Queiroz, Murilo De Souza [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/202576
Resumo: Os trematódeos digenéticos são endoparasitos encontrados em todas as classes de vertebrados e que possuem ciclo de vida complexo, havendo obrigatoriamente um molusco como hospedeiro intermediário. Os anuros, por sua vez, atuam como hospedeiros definitivo e intermediário de uma diversidade de trematódeos e, por isso, são objetos de estudo para a compreensão de aspectos do ciclo biológico desses parasitos, e embora exista uma considerável quantidade de informação disponível na literatura, pouco se sabe a respeito do ciclo biológico dos espécimes encontrados na região neotropical. Visando preencher as lacunas no conhecimento dos ciclos biológicos dos trematódeos parasitas de anuros, coletas de moluscos, insetos aquáticos, girinos e anuros adultos foram realizadas em uma lagoa sazonal localizada na mata ciliar do córrego da Véstia, Selvíria, Mato Grosso do Sul, Brasil, entre dezembro de 2016 a fevereiro de 2019. Um total de 4355 moluscos (6 espécies), 336 artrópodes aquáticos, 261 girinos (11 espécies) e 296 anuros (17 espécies) foram coletados, transportados para o laboratório e submetidos a técnicas helmintológicas convencionais para avaliação da infecção por trematódeos. Todos estágios evolutivos (cercárias, metacercárias e adultos) encontrados foram identificados através de analises in vivo em lâminas temporárias e lâminas permanentes utilizando microscopia ótica e de varredura, por fim, infecções experimentais para análises a respeito do ciclo biológico dos parasitos relacionados a anuros. A comunidade componente de trematódeos de anuros compreendeu 17 táxons, sendo 11 no estágio metacercária (Bursotrema tetracotyloides, Clinostomum sp., Diplostomoidea gen. sp. 1, 2 e 3, Echinostomatidae gen. sp., Heterodiplostomum lanceolatum, Lophosicyadiplostomum sp., Plagiorchioidea gen. sp., Strigeidae gen. sp., Tylodelphys sp.) e 6 no estágio adulto (Catadiscus marinholutzi, Choledocystus incurvatum, Gorgoderina parvicava, Gorgoderina aff. megacetabularis, Haematoloechus sp., Rauschiella proxima), parasitando 14 espécies de anuros adultos e girinos, totalizando em 43 novos registros de parasitos nesse grupo de hospedeiros, em moluscos aquático, oito morfotipos de cercárias foram encontradas (Anfistoma tipo 1 e 2, Distoma longifurcada tipo 1 e 2, Distoma brevifurcada, Equinostoma, Spirorchiidae e xifidiocercária), e a maior parte desses trematódeos, adultos e larvais, foram reportados pela primeira vez para a região Centro Oeste, alguns pela primeira vez no Brasil. As infecções experimentais foram realizadas com cinco tipos cercarianos e para quatro deles (Anfistoma, Equinostoma, Distoma longifurcada e Xifidiocercária) obteve-se infecção. Entre estes, o ciclo biológico de Catadiscus marinholutzi, parasito intestinal de anuros, foi elucidado. O parasito de aves Lophosicyadiplostomum sp., que utiliza anuros como segundo hospedeiro intermediário, teve pela primeira vez sua forma larval (cercária) conhecida, além de informações a respeito do ciclo biológico. Apesar de não ter sido possível identificação especifica, outros dois táxons de trematódeos que utilizam anuros como segundo hospedeiro intermediário (Echinostomatidae e Plagiorchioidea), tiveram suas cercárias conhecidas, além de informações parciais a respeito do ciclo biológico. Adicionalmente, metacercárias de duas espécies foram encontradas em larvas de Odonata e em Belostoma sp. Esses resultados enfatizam a importância do levantamento de trematódeos, principalmente as cercárias, para um melhor conhecimento a respeito da biodiversidade local e, com isso, a possibilidade de planos de manejo e conservação além de formar uma base de conhecimento para estudos adicionais, principalmente na região neotropical aonde informações básicas ainda são escassas.