A formação do ethos português nos periódicos O Occidente: Revista Illustrada de Portugal e do Estrangeiro (1878-1915) e A Águia: Órgão da Renascença Portuguesa (1910-1932)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Amaro, Luiz Eduardo Rodrigues [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/153177
Resumo: O objetivo dessa tese é estudar o uso da imagem camoniana na reestruturação do ethos português em fins do século XIX, começo do XX, nos periódicos: O Occidente – Revista Illustrada de Portugal e do Estrangeiro (1878-1915) e A Águia – Órgão da Renascença Portuguesa (1910-1932). Analisar essa reconstrução é importante para entender o fator aglutinador social, que manteve a identidade do povo português perante os outros, na qual existem aspectos socioculturais. Trabalha-se o corpus crítica e dialogicamente, construído por meio das palavras-chave “Camões, ideologia, representação, Os Lusíadas, civismo”, incluindo nele, além dos textos escritos, as imagens, porque O Occidente era uma publicação artística e, dessa forma, expressou-se política e ideologicamente pelas gravuras e fotografias. Pelo apoio teórico, detecta-se o uso político de Camões em uma relação dialógica com a tradição, utilizando-se dos conceitos de dialogismo, alteridade, ideologia, linguística, narrativa fotográfica, psicologia e sociologia. O Capítulo 1 destina-se à análise do periódico O Occidente, que focaliza no Tricentenário de Camões (1880), e revela o uso político, por parte de Teófilo Braga e dos republicanos, de Camões. As Chronicas Occidentais, escritas por Guilherme d’Azevedo, ditam esse panorama. Por ser uma revista de índole artística, há análises iconográficas. O Capítulo 2 analisa A Águia, principalmente sob a direção de Teixeira de Pascoaes (1877-1952) com o qual Antonio Sergio discutiu publicamente em cartas. Nela, Fernando Pessoa publicou originalmente a sua teoria, que ficou famosa pela ideia do “Supra-Camões”, a qual está presente nesse trabalho. Os anexos e apêndice complementam o estudo, trazendo as discussões entre Pascoaes e Sergio, a teoria de Pessoa, a indexação dos periódicos e a apresentação do website (Apêndice 1). A conclusão dessa pesquisa aponta para a reconstrução do ethos português pelo viés camoniano, utilizando a tradição, que promoveria, por um lado, a base ideológica para a queda da Monarquia, instauração da República e consequente ditadura salazarista, pelos ideias coloniais, existentes nOs Lusíadas, como a questão da conquista de novos reinos; por outro, a reação dos intelectuais, que se opuseram ao regime, fundando a Seara Nova, como Augusto Casimiro, Jaime Cortesão, Antonio Sergio e Raul Proença, oriundos dA Águia. Durante a busca pela reconstrução do ethos, houve a criação de teorias como o Saudosismo Metafísico (Pascoaes) e a Nova Poesia Portugueza Sociologicamente Considerada (Pessoa). A tese contribui para o estudo da área ao analisar em perspectiva duas revistas de estilos diferentes, abordando a mesma questão: a reconstrução da identidade portuguesa por meio da pessoa-mito Luís Vaz de Camões. Ao reler o uso do Poeta para além da Literatura, acrescenta-se o olhar dialógico sobre um tema antigo, repaginando-o.