Comunicação, ciência e poder: circulação do saber farmacêutico produzido nas boticas dos colégios da Companhia de Jesus no Brasil (1640-1759)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, João Paulo de Campos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/255397
Resumo: A comunicação pode ser uma ferramenta útil para a análise histórica? Essa pesquisa tem por finalidade analisar a circulação de saber médico-farmacêutico produzido pelos missionários da Companhia de Jesus na Colônia do Brasil, na virada do século XVII para o XVIII, a partir de um ponto de vista comunicativo. Consoante às proposições do referencial metodológico da Hermenêutica de Profundidade (HP), nos ancoramos nas três etapas de desenvolvimento, inquirindo sobre as condições comunicativas que se faziam possíveis em um contexto de rearranjos políticos e reformas administrativas que punham em risco a continuidade da Ordem. Tratamos de delinear o contexto no qual estes homens se inseriam nas terras coloniais, tomando como ponto de partida a domínio do conhecimento ilustrado dos membros da Ordem, suas motivações para assumirem as práticas de cura quando em terras coloniais, apontando a situação colonial como um fator motivador, em partes, mas que ia ao encontro de sua própria missão para com os indígenas os colonos e até os escravizados.Desde muito cedo, os missionários da Companhia de Jesus se constituíram como importantes agentes sociais e políticos na Colônia, permitindo com que a presença da coroa fosse sentida. Com o tempo, estes homens assumiram para si os cuidados com a saúde dos habitantes da colônia, fator esse que permitiu a Ordem erguer um significativo arcabouço de conhecimento, cuja circulação restrita, entre seus membros, conferiram-lhes uma importância política na Corte portuguesa. Demonstramos as possibilidades e usos da comunicação como uma ferramenta de arregimentação de poder frente às situações vivenciadas pelos missionários, passando a ser analisada por sua dimensão política, dado os contornos mágico-religioso das doenças e os usos da cura do corpo e seu monopólio pelos missionários adquirem. Por fim, buscamos evidenciar o papel da Comunicação e da circulação do conhecimento missionário, no procedimento de disputas pela configuração do poder no mundo colonial.Partindo da intersecção de dois campos do conhecimento, a nossa proposta é, portanto, apontar como a Comunicação pode ser útil para a análise histórica, ao mesmo que esta permite novos vieses analíticos de outros campos. Como resultado deste trabalho, podemos inferir que as metodologias comunicativas, aplicadas a uma análise histórica são pertinentes, no sentido de ampliar o escopo de observação, permitindo que novas categorias analíticas sejam dispostas no arcabouço teórico de ambos os campos.