Um rio entre duas mundividências: leituras do espaço em Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, de Mia Couto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Daverni, Rodrigo Ferreira [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/94146
Resumo: O romance Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra (2002), do autor moçambicano Antonio Emílio Leite Couto, comumente conhecido como Mia Couto, evidencia, por meio de uma ficção, uma proposta de revitalização, pela via do literário, da sociedade moçambicana. Nessa perspectiva, sua poética repousa em uma relação dialética que se funda, sobretudo, entre a permanência (representada ou registrada pela existência do bairro rural denominado Luar-do-Chão) e a ausência (cidade, espaço da narrativa dedicado ao desenvolvimento, progresso e conforto, mas também o da perda da memória tribal, dos sentimentos, etc.), ambas demarcadas pela espacialidade. O presente trabalho tem por finalidade demonstrar como algumas temáticas comuns às literaturas africanas aparecem representadas na espacialidade do universo diegético miacoutiano. Isso acontece sobretudo no que toca ao espaço da convivência das diferenças culturais, colaborando dessa maneira com uma melhor compreensão teórica desse importante aspecto essencial de toda narrativa ficcional. Em Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, o personagem Marianinho, protagonista e narrador da história, após anos estudando na cidade (moderna), retorna à sua ilha de origem, Luar-do-Chão (religiosa e mítica), por ocasião da morte de seu avô Dito Mariano, o patriarca da família. Ao sabor de um romance policial, muitas peripécias serão desveladas na trajetória de todos os personagens, configurando uma narrativa que prende a atenção do leitor de maneira marcante. A viagem empreendida por Mariano, quando deixa a cidade em que fora estudar as Letras para regressar à ilha de Luar-do-Chão, não diz respeito apenas a uma mudança de espaço geográfico, mas implica também numa mudança de sua condição humana e cultural e de sua visão...