Conflitos territoriais e resistência da totalidade do trabalho frente ao agrohidronegócio fruticultor nas áreas de expansão dos perímetros irrigados no semiárido nordestino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: França, Diego Pessoa Irineu de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/181536
Resumo: A territorialização do agrohidronegócio no semiárido nordestino redefiniu as formas de controle sobre a terra, a água e o trabalho, submetendo-os aos fins da reprodução ampliada do capital. Esse processo aconteceu com mais intensidade nas áreas dos Perímetros Irrigados-PIs, onde a intervenção estatal criou mecanismos logísticos e institucionais para a consolidação do monopólio territorial exercido pelo capital. De um lado, grupos nacionais e transnacionais expandem suas áreas de produção agrícola destinadas à exportação (manga, abacaxi, melão, banana, uva etc.). De outro, os movimentos e sujeitos sociais protagonizam diversificadas lutas contra o modelo hegemônico que dá suporte a esse processo destrutivo da natureza e do ser humano. Neste contexto, o objetivo principal da presente pesquisa consistiu em compreender o significado das ações de resistências da totalidade dos sujeitos que trabalham, seja quando contestam o monopólio sobre a terra-água seja quando se opõem às formas de controle e degradação do trabalho, a partir das greves, das áreas de acampamentos e das comunidades rurais, situados no interior dos PIs Jaguaribe-Apodi-CE, Santa Cruz do Apodi-RN e Pontal-PE. O estudo se fundamenta na abordagem crítica da Geografia do trabalho, que busca apreender as contradições dos processos sociais, o estranhamento e a precarização do trabalho no âmbito dos conflitos territoriais. A partir desses referenciais, desenvolvemos uma análise qualitativa e quantitativa, com base nas informações e dados obtidos através da experiência dos trabalhos de campo, das entrevistas semiestruturadas, da pesquisa bibliográfica e dos levantamentos dos dados secundários, obtidos junto a vários órgãos privados e públicos. A tese está estruturada em quatro capítulos. No primeiro, abordamos a categoria do trabalho de uma forma abstrata, situando-a enquanto imprescindível à produção de valor, bem como um elo da emancipação humana. No segundo, descrevemos as transformações nos processos de acumulação do capital, na era da financeirização, com ênfase nos rebatimentos específicos sobre a privatização da natureza e degradação do trabalho na fruticultura. No terceiro, analisamos como o papel estatal tornou-se indispensável à consolidação do modelo do agrohidronegócio fruticultor, sobretudo através da intervenção direta, das formas de desoneração, da flexibilização das normas regulamentadoras e/ou da criação de um discurso de consenso legitimador dos megaprojetos. Por fim, no quarto capítulo, enfatizamos a experiência das resistências dos vários segmentos de trabalhadores, que mantêm um movimento pendular entre o assalariamento precário, as greves, a vida nas comunidades rurais e nos acampamentos de luta. A pesquisa, ao desvendar os processos de degradação do trabalho pelo capital fruticultor, permitiu compreender que as formas de resistências surgidas no interior das contradições estruturais do sistema metabólico do capital apontam a necessidade e a possibilidade histórica da emancipação do conjunto heterogêneo do trabalho.