Incidências de parada cardíaca intraoperatória e de sua mortalidade perioperatória no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu: estudo observacional de 2005 a 2022

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Morais, Arthur Caus de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/253333
Resumo: INTRODUÇÃO. A parada cardíaca (PC) é uma complicação rara durante o período intraoperatório, mas com possibilidade de desfecho catastrófico, com sequelas graves e óbito. O estudo da incidência de PC intraoperatória e seus desfechos avalia a qualidade e a segurança do ato anestésico-cirúrgico. OBJETIVO. Avaliar a incidência de PC intraoperatória e a mortalidade e sobrevida até 30 dias em hospital brasileiro, universitário, de atendimento quaternário e identificar suas causas, fatores desencadeantes e grupos de risco. MÉTODOS. Estudo observacional retrospectivo para identificação de PC e de PC por fator anestésico intraoperatórias e desfechos de mortalidade e sobrevida até 30 dias pós-operatórios, no período de 2005 a 2022. Foi calculada a incidência de PC e de óbito em relação a faixa etária, sexo, classificação de estado físico, segundo a American Society of Anesthesiologists (ASA), técnica anestésica, especialidade cirúrgica e fator desencadeante. As causas de PC e óbito por fator anestésico foram identificadas. As incidências foram expressas em valores absolutos para cada 10.000 anestesias, seguidas do intervalo de confiança de 95% (IC 95%). RESULTADOS. Em 154.178 anestesias, a incidência de PC foi de 19,26 (IC 95% 16,57 – 21,95) por 10.000 anestesias e de óbito até 30 dias pós-operatórios de 16,09 (IC 95% 13,92 – 18,25) por 10.000 anestesias, com sobrevida de 16,5%. A probabilidade (odds ratio [OR]) de ocorrer PC e óbito foi maior em crianças < 1 ano (OR 3,52; IC 95% 1,88 – 6,60, e 4,55; IC 95% 1,96 – 10,57, respectivamente; p < 0,001), atendimentos de emergência (OR 9,99; IC 95% 7,8 – 12,8 e 11,09; IC 95% 8,42 – 14,6, respectivamente; p < 0,001), cirurgia cardíaca (OR 3,56; IC 95% 2,72 – 4,66 e 3,7; IC 95% 2,76 – 4,94, respectivamente; p < 0,001) e em anestesia geral (OR 9,01; IC 95% 4,72 – 17,21 e 9,52; IC 95% 4,62 – 19,59, respectivamente; p < 0,001). Não houve relação entre probabilidade de ocorrer PC e óbito e o sexo do paciente (p = 0,58 e p 0,42, respectivamente). O principal fator desencadeante de PC e óbito foi a doença/ condição do paciente (17,25 [IC 95% 14,70 – 19,80] e 14,98 [IC 95% 12,89 – 17,07] por 10.000 anestesias, respectivamente), com sobrevida de 13,16%, seguido do fator cirúrgico (0,97 [IC 95% 0,37 – 1,48] e 0,84 [IC 95% 0,35 – 1,34] por 10.000 anestesias, respectivamente), com sobrevida de 13,33%. A incidência de PC e de óbito por fator anestésico foi 1,04 (IC 95% 0,41 – 1,66) e 0,26 (IC 95% 0,00 – 0,53) por 10.000 anestesias, respectivamente, com sobrevida de 75%. Em 81,25% das PCs e 100% dos óbitos por fator anestésico, a causa primária foi respiratória. CONCLUSÃO. O estudo mostrou incidência elevada de PC intraoperatória e de óbito perioperatório, principalmente em crianças < 1 ano, em pacientes com estado físico ASA ≥ III, em atendimentos de emergência e em cirurgia cardíaca. Houve baixa incidência de PC e de óbito por fator anestésico, sendo a maioria por causas respiratórias.