(Re)descobrir a prática pedagógica no ensino de voz nas artes cênicas: um exercício de (auto)análise crítica em perspectiva ontológica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Barbosa, Laura Melamed [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Voz
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/234571
Resumo: O presente trabalho consiste na (auto)análise crítica da prática pedagógica conduzida pela pesquisadora a partir de uma experiência educacional, oriunda do desenvolvimento de uma matéria optativa - cuja abordagem pedagógica se ampliou no sentido de provocar reflexões a respeito da práxis social artística - oferecida para estudantes de graduação dos cursos de bacharelado em Artes Cênicas e de licenciatura em Arte-Teatro do Instituto de Artes da UNESP. A trajetória de estudos percorrida culminou na ampliação de sua percepção a respeito de seus reais intentos como educadora, como ser social e como sujeito histórico, compromissada com a transformação social, de modo que a fez reconhecer o quanto suas aspirações pedagógicas vão ao encontro de uma práxis social ancorada em uma concepção de mundo materialista histórico dialética em perspectiva ontológica com vistas à emancipação humana. Contudo, da (auto)análise crítica a respeito da experiência pedagógica decorreu que o ensino de voz na formação de atores e atrizes pode articular os conhecimentos de natureza técnica - fundamentais para o desenvolvimento da elocução artística – com o conhecimento a respeito da realidade social concreta, tendo em vista que o(a) artista desempenha um papel social e deve se posicionar frente ao mundo como ser social, reconhecendo que são os homens e mulheres que fazem a história. O processo de formação humana demanda mediações de natureza educacional. A educação sempre está condicionada ao contexto histórico de seu tempo, sendo assim, é determinada pelos modos e meios de produção e reprodução social. A sociedade capitalista alicerçada em contradições que expressam os mais brutais traços de desumanidade, tais como a divisão de classes sociais, a divisão social do trabalho, a propriedade privada, a exploração do homem pelo homem, a produção de mercadorias para obtenção de lucro e acúmulo de riqueza, tem a educação como um aparato à serviço dos interesses da classe dominante, operando estrategicamente sobre instâncias educacionais objetivando a formação – cada vez mais fragmentada e especializada - de profissionais para o mercado do capital integrada à difusão de um ideário de mundo pautado em valores que justifiquem, naturalizem e eternizem a manutenção desta ordem social. Reconhecendo que vivemos em tempos de barbárie em que a grande maioria da humanidade, representada pela classe trabalhadora explorada, “vive” para sobreviver desumanamente, a atuação educacional exige um tratamento pedagógico que considere, dentro das incisivas limitações impostas pelo sistema, a relevância de convidar os(as) estudantes à reflexão acerca da totalidade da realidade social concreta a partir da perspectiva materialista histórico dialética com vistas à possível, mas não inevitável, superação do capital. No que tange ao ensino de voz em teatro, o tratamento pedagógico reflexivo e crítico a respeito de suas aplicações no contexto contemporâneo da sociedade capitalista, possibilita reconhecer o papel do(a) artista como sujeito histórico, como ser social conectado ao gênero humano.