Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Ribeiro, Gabriella de Faria Oliveira Damasceno [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
eng |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/151759
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Resumo: |
Gramíneas africanas são uma das principais ameaças à conservação da biodiversidade do Cerrado por estarem amplamente dispersas no interior de unidades de conservação. Melinis minutiflora e espécies do gênero Urochloa, como U. brizantha e U. decumbens, estão entre as invasoras mais comuns, alterando inclusive, regimes de distúrbio, como queimadas naturais. O fogo é um elemento recorrente em sistemas savânicos e, assim, a vegetação savânica é resiliente e apresenta adaptações ao regime de fogo. Este estudo avaliou 1) o impacto que as gramíneas invasoras Melinis minutiflora e Urochloa brizantha causam na vegetação nativa de Cerrado; 2) o efeito da época de queima no controle destas duas espécies; e 3) as alterações de diversidade das comunidades invadidas em resposta à queimadas em diferentes épocas do ano. A área de estudo está inserida na Estação Ecológica de Itirapina e, até o ano 1998, foi utilizada para silvicultura de Pinus caribaea, sendo que desde, então, fogo e pastejo foram excluídos. O delineamento experimental é composto por 32 parcelas (15x15m) dominadas por uma das duas espécies invasoras (cobertura mínima de 50%) e aleatoriamente submetidas a três tratamentos de queima: precoce (maio), modal (julho) e tardia (outubro), além de parcelas controle não queimadas (4 parcelas/tratamento/espécie invasora = 32 parcelas). Os experimentos de queima ocorreram em 2014 (maio, julho e outubro), sendo a amostragem da vegetação realizada anteriormente às queimas e ao longo de dois anos após sua execução. Realizamos amostragens de biomassa e cobertura da vegetação em subparcelas no interior das parcelas experimentais (15x15m) devido à heterogeneidade do ambiente pós-fogo. Para atender aos objetivos, utilizamos 1) o índice de impacto de Cohen’s D; 2) modelos aditivos mistos para analisar a biomassa das invasoras e da vegetação nativa ao longo do tempo; 3) análises multivariadas (PERMANOVA e PcoA) para estimar a diversidade beta entre parcelas queimadas e não queimadas através da cobertura das espécies invasoras e nativas. Ambas as espécies impactaram de forma mais e menos pronunciada as gramíneas e as herbáceas nativas, respectivamente. Melinis minutiflora exerceu efeitos mais pronunciados do que Urochloa brizantha devido à sua grande produção de biomassa, havendo, ainda uma variação sazonal do impacto. No geral, comunidades invadidas e não-invadidas diferiram entre si em estrutura, assim como diferiram as comunidades invadidas por diferentes espécies. As queimadas prescritas reduziram a abundância de M. minutiflora em todos os tratamentos. Entretanto, a abundância de U. brizantha não foi afetada por nenhuma época de queima, apesar de sua biomassa total ter sido temporariamente reduzida até o final da próxima estação chuvosa. Nas parcelas inicialmente invadidas por M. minutiflora, queimas no início e no final da estação seca favoreceram uma nova invasão por U. brizantha em virtude da disponibilidade de propágulos desta espécie. A biomassa de plantas herbáceas não-graminóides foi aumentada nas parcelas invadidas por Melinis minutiflora após queimadas modais. Considerando o efeito da época de queima nas comunidades como um todo, a identidade da espécie invasora foi relevante nas respostas observadas. Nas comunidades invadidas por M. minutiflora, a época de queima aumentou a diversidade das parcelas queimadas em relação aos controles não-queimados, com exceção do tratamento tardio, que ao fim de dois anos resultou em comunidades menos diversas. Nas comunidades invadidas por U. brizantha, fogo em qualquer época diminuiu a diversidade das parcelas queimadas em relação às parcelas controle, mas após dois anos da realização das queimadas há uma tendência em retomar os valores encontrados no ambiente pré-fogo. Estas respostas das comunidades à época de queima são dependentes da regeneração da invasora inicialmente dominante em cada uma delas. M. minutiflora foi reduzida pelas queimas em todas as épocas, criando no interior da comunidade espaços de solo nu, que deram origem a processos estocásticos de colonização, guiados principalmente pela disponibilidade de propágulos de espécies nativas e de U. brizantha. Por sua vez, nas comunidades dominadas por esta invasora, sua rápida regeneração inibiu o estabelecimento de espécies nativas em virtude da ocupação do espaço e da sobreposição no nicho temporal. Em função das respostas levantadas neste estudo, recomendamos o uso de queimadas prescritas em julho (meio da estação seca) para controle de Melinis minutiflora visando aumentar o sucesso de projetos de restauração de Cerrado. O uso de queimadas prescritas para o controle de Urochloa brizantha, entretanto, deve ser realizado apenas para remover temporariamente sua biomassa do sistema, permitindo a implementação de outras ações de restauração, como a semeadura de espécies nativas. |