Determinação da contribuição anaeróbia durante o desempenho do nado crawl em distâncias curtas e médias-curtas, entre homens e mulheres

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Bravo, Valter Akira [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/154840
Resumo: Está bem estabelecido que a contribuição glicolítica anaeróbia é predominante nos eventos próximos a 50 e 100 metros, e que a contribuição aláctica alcança sua maior capacidade de contribuição próximos aos 50 metros. Todavia, pode-se questionar se a taxa de ajuste do metabolismo anaeróbio não seria mais apropriada para analisar os desempenhos de curta duração (50 e 100 metros), ao invés da demanda total. Bem como, pouco se sabe se AOD e as demandas de cada metabolismo (láctico vs. aláctico vs aeróbio) tendem a apresentar respostas diferentes entre sexos. Assim, o objetivo do presente estudo foi analisar o déficit acumulado de oxigênio (AOD) nos desempenhos do crawl em distâncias de 50, 100 e 200 metros, comparando-o pelo método da variação da resposta lactacidêmica e perfil aláctico da curva de débito oxigênio. Participaram deste estudo 12 (doze) nadadores homens (16,8 ± 2,2 anos, 179,3 ± 7,0 cm e 69,4 ± 7,8 kg) e 10 (dez) nadadoras (15,5 ± 3 anos, 161,8 ± 6,2 cm e 55,5 ± 6,8 kg). Todos realizaram o desempenho máximo para as distâncias de 50, 100 e 200 metros para a determinação do O2 acumulado. Após 24 horas, os nadadores desempenharam um teste incremental escalonado máximo e descontínuo (TIE: 6x250m e 1x200m, 50 a 100% da v200m) para a avaliação do V̇O2max e obtenção da relação V̇O2 vs. velocidade de nado em intensidades submáximas. A partir desta relação, projetou-se a demanda de O2 nas velocidades correspondentes ao 50, 100 e 200m foi estimada. Em seguida, a permuta gasosa pulmonar também foi analisada durante os desempenhos de 50, 100 e 200m para se obter a oferta de O2 durante e após cada distância. A estimativa de AOD foi realizada pela comparação entre demanda e oferta de O2. A fase rápida de decaimento exponencial da curva de recuperação do O2, após cada distância de nado, estimou a contribuição aláctica. Enquanto que o equivalente de O2 para a variação da resposta do lactato sanguíneo foi utilizada para reconstruir a demanda anaeróbia láctica. Em todos os testes, o V̇O2 foi obtido respiração-a-respiração por uma unidade metabólica automatizada e portátil (CPET K4b2), que esteve acoplada a um snorkel específico e validado na natação (new-AquaTrainer®). O teste ANOVA (uma entrada, com Sidak como post-hoc) comparou as médias do perfil metabólico entre homens e mulheres para cada distância de desempenho (50, 100 e 200 metros). O nível de significância foi estabelecido em ρ≤0,05. Os resultados preliminares indicam que o V̇O2max correspondeu à 4012,3 ± 453,3 ml×min-1 entre homens e à 3043 ± 335,6 ml×min-1 entre as mulheres. a demanda anaeróbia (AOD) é maior entre as mulheres (50m: 26,2  5,6 mlO2×kg-1; 100m: 43,3  10,2 mlO2×kg-1; 200m: 62,8  15,4 mlO2×kg-1) quando comparadas aos homens (50m: 19,7  3,9 mlO2×kg-1; 100m: 33,6  10,6 mlO2×kg-1; 200m: 48,3  15,7 mlO2×kg-1). Todavia, essas diferenças, quando analisada pela relação percentual entre Déficit/Demanda Acumulada de O2, mostram-se significativas em 50m (P=0,05), mas não em 100m (P=0,32) e 200m ( P=0,47). Ao ponderar pela distância de nado, o AOD (em mlO2×kg-1×m-1) evidenciou tendência decrescente entre as distâncias de nado (significativa apenas ao comparar 50m e 100m vs. 200m, P<0,01 e P<0,05, respectivamente), bem como as diferenças entre sexos não foram significativas ao compará-los em 50m (H: 0,39 e M: 0,52 mlO2×kg-1×m-1, P=0,122), em 100m (H: 0,33 e M: 0,43 mlO2×kg-1×m-1, P=0,741) e em 200m (H: 0,24 e M: 0,31 mlO2×kg-1×m-1, P=0,948). Durante o desempenho nas distâncias de 50, 100 e 200 metros, os perfis de ativação e parcela de contribuição de cada metabolismo energético apresenta a taxa absoluta (mlO2×kg-1) aláctica mais elevada em homens, quando comparada à ativação em mulheres, que demonstram desempenho com predomínio láctico nas distâncias. As diferenças na produção energética entre os sexos mostram valores distintos apenas para a produção aláctica em 50m (P=0,039). Assim, mulheres não apresentam restrições para o suprimento energético anaeróbio, em velocidades supra-máximas de nado, quando essa demanda é estimada pelo método AOD tradicional. Porém, os valores relativos de contribuição dos metabolismos tendem a não serem similares entre homens e mulheres na construção da demanda anaeróbia total (29,2% (50 metros), 15,8% (100 metros) e 29,3% (em 200 metros) superior em homens), causada pela maior ativação do metabolismo aláctico (64,7%, 47,4% e 60,9%) em cada uma destas distâncias. Essa maior contribuição anaeróbia aláctica em homens pode ser um efeito produzido pelas diferenças de massa muscular, sugerindo o desenvolvimento da massa magra para melhorar o desempenho em tarefas com demanda anaeróbia elevada.