As aporias do processo criativo em A morte em Veneza, de Thomas Mann

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Topdjian, Priscila Bosso
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/214719
Resumo: Esta dissertação constitui um estudo crítico-interpretativo das aporias do processo criativo presentes na novela A Morte em Veneza, de Thomas Mann, das quais destacamos as que emergem das relações entre o antigo e o moderno, entre a arte clássica e a romântica e entre princípios apolíneos e dionisíacos de criação artística. Esses tensionamentos são construídos de forma autorreflexiva e provocam na narrativa um desconcerto lógico, afetando a sua leitura linear. Dentre as principais obras teóricas e críticas que nos serviram de apoio para exegese e análise, ressaltamos: Poesia ingênua e sentimental, de Friedrich Schiller (1991), que reflete sobre os modos de criação artística antigo (ingênuo) e moderno (sentimental) existentes na Antiguidade Clássica e no fim do século XVIII, ambos problematizados na narrativa em discussão; como também as reflexões acerca do belo e do gênio artísticos presentes em Crítica da faculdade de julgar, de Immanuel Kant (2016); a obra O nascimento da tragédia, de Friedrich Nietzsche (1992), que situa o conceito de trágico como proveniente da tragédia ática, interpretada como sendo a conciliação dos princípios apolíneos e dionisíacos de criação artística, que atuam de modo conflitante no texto manniano. Além disso, a paixão homoerótica que Tadzio (adolescente polonês) desperta em Aschenbach (escritor de cinquenta anos) indica o acontecimento da beleza mítica no mundo e na escrita do escritor, rigidamente ordenados pela disciplina e pela razão. No entanto, o deus Eros (deus da paixão) também atua de modo demoníaco na vida do protagonista, influindo no seu destino. Como a novela em discussão é narrada de forma crítica e autorreferencial no engendramento artístico dessas aporias, a pesquisa desvelou a construção destas apontando, como fio condutor, o artifício da metalinguagem, procedimento visto a partir da obra Linguística e Comunicação, de Roman Jakobson (2007), e do ensaio “Literatura e Metalinguagem”, de Roland Barthes (2007). Não obstante, no campo metalinguístico bakhtiniano, os enunciados de um texto estabelecem uma relação dialógica; se entrecruzando e demarcando a voz de um autor criado para o texto, a voz do narrador e a voz do personagem. Tal problemática faz com que, em última instância, o modo reflexivo do narrador deixe entrever o modo ensaístico do autor, conferindo à narrativa ensaios acerca do ser e do escrever, da beleza e da arte; é quando se vale da apropriação de diálogos platônicos; questão analisada a partir da obra Estética da Criação Verbal, de Mikhail Bakhtin (2011).