A temporalidade da paisagem na Vila de Paranapiacaba : ensaios sobre patrimônio cultural habitado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Passos, Thiago de Moraes dos [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/257275
Resumo: A tese em tela é uma ontologia do patrimônio cultural habitado, cujos ensaios buscam desvelar a experiência direta do ‘ser’ com a temporalidade da paisagem, através da cotidianidade dos habitantes da vila histórica de Paranapiacaba. A Vila Ferroviária de Paranapiacaba, localizada em meio à Serra do Mar, no Município de Santo André, SP, tem sua origem ligada à instalação da ferrovia São Paulo Railway (SPR) no século XIX. Trata-se de um conjunto arquitetônico tombado nas instâncias Municipal, Estadual e Federal. A imersão que realizamos na Vila de Paranapiacaba se deu em meio à execução do Programa de Aceleração do Crescimento – Cidades Históricas (PAC2 – CH). A complexa patrimonialização da paisagem da vila entoa na dinâmica da vida cotidiana que fica condicionada à burocratização dos órgãos de proteção ou aos interesses econômicos atrelados ao turismo cultural. Contudo, as dimensões supracitadas são apenas uma das inúmeras camadas desse Habitar. Então, qual é a essência de habitar o patrimônio cultural? Os escritos contidos nesta tese contam sobre as essências fundantes da experiência que é habitar o patrimônio cultural. Narram a relação dos sujeitos com as ‘coisas’, do ‘Ser’ afetado por uma paisagem inundada de justaposição de detalhes e impressões humanas, geração após geração, em sua fisionomia. Os ensaios: “A ruína como um porvir: ou outras formas de habitá-las”; “Memórias que habitam ruínas: os patamares da Serra”; “Sobre as “coisas” e as pessoas: as curadorias domésticas”; “Futebol, ferrovia e faina”; “Paisagem atarefada de uma casa em ruínas” “Nós não somos patrimônio!”: considerações sobre as divergências técnico conceituais da sobreposição de tombamentos”; “A metáfora da roupa velha e o paradoxo de Teseu” e “Ensaio Final” trazem à luz a conexão profunda das pessoas com as "coisas”, memória, identidade, pertencimento e imaginário. Para entender o dinamismo do mundo vivido no recorte de pesquisa em tela, fizemos uma imersão na vida cotidiana de Paranapiacaba. Usamos uma abordagem de triangulação, envolvendo observação participante, entrevistas e histórias de vida. Utilizando-nos de uma perspectiva da geografia fenomenológica, alicerçada na filosofia de Merleau-Ponty, sobre temporalidade da paisagem, buscando desvelar a essência de se habitar o patrimônio cultural. Este trabalho descreve as experiências sensíveis e intrínsecas do habitar, o saber-fazer das pessoas na cotidianidade. Sua comunicação com o mundo da vida é expressa através da paisagem, um fenômeno geográfico manifesto, como a maior expressão dessa experiência. Então percebemos que esses fenômenos confirmam o movimento da paisagem, em sua dialética entre o visível e o invisível. A casa histórica revestida de musgos, ferrugem, ranhuras, ou o assoalho riscado, porque outrora arrastaram um móvel que nem existe mais. Relicários e outros artefatos de valor cultural sobre a estante e tantas outras marcas. A materialidade e imaterialidade do patrimônio cultural viva e em constante transformação, pois é mediada pela experiência sensível das pessoas que fazem uso existencial delas. A percepção do mundo não é uma construção, ela é uma forma primária de ser e estar no mundo. A resposta (ou a tentativa de uma) para as inúmeras indagações supracitadas encontra-se na apreensão da relação das pessoas com as coisas, para figurar sua consciência de ser-no-mundo, da sua condição de ‘tempo’.