Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Mendoza Yengle, Pierina Jocelyn |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
eng |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/204639
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Resumo: |
Existe pouca informação sobre as condições de incubação dos ovos, necessidades nutricionais e de manejo em cativeiro de jabutis piranga (Chelonoidis carbonaria) para a conservação. No primeiro estudo desta dissertação considerou-se que embriões de répteis respondem às mudanças da temperatura com ajustes metabólicos e fisiológicos que influenciam o sucesso de eclosão, fenótipo, e taxa de crescimento. As mudanças climáticas e o aquecimento global podem afetar as populações de répteis e a incubação artificial tem sido proposta como uma estratégia potencial para estudar e mitigar esses efeitos. Foram coletados ovos de jabuti piranga e incubados artificialmente às temperaturas constantes de 27,5°C e 29,5°C para determinar o efeito da temperatura no desenvolvimento embrionário mediante ovoscopia; a morfologia e a taxa de crescimento inicial do filhote. Os efeitos diretos da temperatura no período de incubação, massa perdida de ovos, índice de eclosão, tamanho e peso do filhote foram avaliados na eclosão e aos três meses de idade. Filhotes produzidos à 29,5°C apresentaram períodos de incubação mais curtos (141 dias) do que os de 27,5°C (201 dias; p <0,05). A perda de massa de ovo, o peso e tamanho do filhote na eclosão não foram diferentes entre as temperaturas de incubação (P> 0,05). No entanto, o índice de incubação (taxa de sobrevivência) foi menor (64,5% versus 100%) em ovos incubados a 29,5°C, mas o peso e a largura do plastrão dos filhotes foram maiores aos 3 meses de idade do que para os filhotes dos ovos incubados a 27,5°C (p <0,05). Esses resultados indicam claramente que a temperatura de incubação tem uma influência importante no sucesso eclosão e no tamanho e peso dos filhotes nos primeiros meses, influenciando a taxa de crescimento inicial. O segundo objeto de estudo considerou que alterações da carapaça são um problema importante, observado em muitos zoológicos e criatórios ao redor do mundo. O objetivo do estudo foi determinar o efeito de dois alimentos, um com elevado teor de fibra e outro com elevado teor de amido, sobre o metabolismo energético, digestibilidade dos nutrientes e crescimento do jabuti piranga. Seguindo um delineamento inteiramente casualizado, com 20 filhotes recém eclodidos, aleatoriamente divididos em duas rações experimentais (10 filhotes por ração). O estudo teve uma duração de 18 meses, período no qual os filhotes receberam apenas sua respectiva dieta experimental, e água ad libitum. As avaliações realizadas nos animais incluíram: determinação dos coeficientes de digestibilidade aparente dos nutrientes e tempo de trânsito gastrointestinal aos 5 e 11 meses; determinação da taxa metabólica em repouso e pós-prandial, com cálculo do incremento calórico em câmaras de respirometría por calorimetria indireta aos 6 e 12 meses; avaliação do crescimento e características da carapaça, com especial atenção à formação de piramidismo; e determinação da composição corporal por absorciometria de raio-X de dupla energia (DXA) quando os animais atingiram 250 g de peso vivo. Valores de P<0,05 foram considerados significativos. As análises foram conduzidas pelo R Studio Software (versão 3.2.3, AT). Os animais alimentados com a dieta alto amido apresentaram maiores consumos massa-específicos de matéria seca (12,75±3,11mg) em comparação aos animais da dieta alta fibra (10,20±3,37mg) (P<0,05). Apresentaram, ainda, menores tempos de trânsito e retenção gastrointestinal dos alimentos, de 2,95±1,01 e 8,09±2,05 dias, respectivamente (P<0,05), em comparação aos animais alimentados com dieta alta fibra (4,23±1,40 e 10,05±2,41 dias, respectivamente). Maiores eficiências digestivas dos nutrientes avaliados foram observadas em animais alimentados com a dieta com alto amido, com coeficiente de digestibilidade aparente da energia de 75,73±2,68% em comparação a 68,10±2,35% para a dieta alta fibra (P<0,05). A digestibilidade aparente da proteína bruta, no entanto, foi maior na dieta com alta fibra (P<0,05). Em relação à produção de calor em repouso e pós prandial na temperatura de preferência, estas não foram afetadas pela dieta (P>0,05). Foram observados incrementos calóricos de 43,85±14,92 e 41,33±14,66 kJ/kg/dia para as dietas alto amido e alta fibra, respectivamente (P>0,05). Os animais alimentados com a dieta de alto amido apresentaram aos 13 meses maiores larguras do plastrão e da carapaça, resultando em maiores taxas de crescimento da largura da carapaça do que os filhotes alimentados com a ração alta fibra (P<0,05). Sob as duas dietas animais desenvolveram carapaças com aparência piramidal, mas os alimentados com alto amido desenvolveram alterações de piramidismo com maior intensidade (P<0,05). Adicionalmente, os filhotes alimentados com alto amido apresentaram menor conteúdo mineral (1,88±0,15% versus 2,15±0,19%) e menor densidade óssea (0,13±0,01g/mm2 versus 0,15±0,02g/mm2) do que os alimentados com alta fibra (P<0,05), reforçando a piora na formação da carapaça. No terceiro estudo, filhotes alimentados com a dieta alta em fibra foram mantidos à duas temperaturas (18°C e 28°C), para avaliar o efeito da temperatura no consumo de energia bruta e digestível, taxa metabólica em repouso e pós-prandial aos 6 e 12 meses, e a temperatura corporal superficial. Maior consumo massa-específico de energia bruta e ganho de peso foram obtidos na primavera e verão. A maior e menor taxa metabólica em repouso à 28°C foram obtidas na primavera e inverno, respectivamente. À 28°C, os animais apresentaram maior consumo diário de energia bruta e digestível, consumo de oxigênio, produção de CO2, e taxa metabólica em repouso e pós-prandial, sendo a produção de calor em repouso de 30,56±4,07kJ/kg/dia à 28°C e de apenas 7,71±1,26kJ/kg/dia à 18°C (P<0,05). Coeficiente do incremento calórico específico foi também afetado pela temperatura, sendo a digestão menos dispendiosa energeticamente à 28°C do que a 18°C (P<0,05). Coeficientes respiratórios atípicos foram observados à 18°C (0,30-0,50). Adicionalmente uma forte influência da massa corporal foi descrita na taxa metabólica em repouso com exponente alométrico de 0,62 e 0,92 à 28°C e 18°C, respectivamente. E observou-se a prioridade de termorregular a temperatura superficial da cabeça sob temperatura baixa, e os animais apresentaram temperaturas corporais superficiais maiores pós alimentação. Como conclusão, o presente trabalho indica a importância de se considerar o efeito da temperatura e da composição da dieta no metabolismo energético e crescimento de jabuti piranga. Alimentos com maior energia digestível, como elevado amido pode induzir crescimento mais acelerado da carapaça com menor mineralização. Adicionalmente a importância de considerar a diferencia dos requerimentos de energia em diferentes regimes térmicos. |