(Des-)encontros com a alteridade: arte, filosofia, biopolítica e desafios docentes no filosofar a educação brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Gomes, Leonardo Gonçalves [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Art
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/180800
Resumo: Seguindo coordenadas de uma perspectiva geofilosófica da educação brasileira, a presente tese procura encontrar ferramentas de resistência docente face aos regimes de governamentalidade biopolítica, através do recurso genealógico e cartográfico das principais linhas que dizem respeito à noção de ethos. Desse modo, em um primeiro momento, apresentamos o problema da pesquisa em função de três linhas extraídas do pensamento de Deleuze e Guattari – a dura (molar), a flexível (molecular) e a de fuga (ruptura) – que, ao serem aproximadas da categoria de ethos, trazem um tensionamento das linhas de vida sob dois ângulos: 1) como biopolítica, no qual a vida é segmentada em função de linhagens raciais e capturada por dispositivos disciplinares e reguladores que atuam ao nível da governamentalidade do corpo-espécie; 2) como biopotência, na qual a vida se subtrai às formas de controle do biopoder a partir de sua imanência e singularidade. No segundo capítulo, traçamos dois olhares acerca da noção de ethos em função da questão racial no Brasil. No primeiro, versamos sobre uma genealogia apresentada na teoria antropológica em Oliveira Vianna (1883-1951) por meio de linhas molares, contidas na obra Raça e Assimilação (1932), as quais indicam estratégias de governamentalidade biopolítica segundo um projeto científico de um aprimoramento do “estoque eugênico” da população, visando cálculo de riscos, de eficiências e de aumento de força produtiva ao Estado brasileiro. Na passagem do primeiro olhar ao segundo, acompanhamos um movimento genealógico a partir da noção de luta entre as raças contida no curso Em defesa da sociedade (1976) de Foucault, na qual investigamos algumas transformações do discurso histórico político sob o prisma racial que culminam na reativação dos saberes biológicos por meio do genoma no pensamento contemporâneo e, em especial, nas linhas moleculares que contornam a população brasileira a partir do artigo Retrato Molecular do Brasil (2000). No terceiro capítulo, visando sinalizar recursos presentes nas Artes Visuais com a pesquisa acerca do ethos nas territorialidades brasileiras, buscamos seguir as linhas flexíveis através de cartografias disparadas pelas seguintes obras: o quadro A Primeira Missa no Brasil (1860), de Victor Meirelles de Lima (1823-1903), a gravura de Theodor De Bry (1526-1598), Assando e comendo prisioneiros (1592), a tela A Redenção de Cam (1895), de Modesto Brocos (1852-1936), e, por fim, a tela Progresso Americano (1872), de John Gast (1842-1896). No quarto capítulo, versamos sobre um modo de pensar ameríndio que subverte as categorias do pensamento ocidental e biopolítico a partir de três vértices presentes na etnologia de Viveiros de Castro, a saber, o perspectivismo, o multinaturalismo e a alteridade canibal. Por meio desses vértices, compreendemos uma perspectiva canibal como possibilidade de resistência e de biopotência presente nos modos de vida ameríndios, em função de um tornar-se outro, que se recusa e desloca as linhas identitárias que operam no domínio do biopoder. Por fim, no quinto capítulo, tensionando as linhas de fuga em sua potência criativa, indicamos uma potência musical que desterritorializa a letra (litera) presente na obra Macunaíma: o herói sem nenhum caráter (1928), de Mário de Andrade (1893-1945), e sinalizamos a figura do repente como um intercessor do filosofar a educação brasileira. Nesse registro, seguimos pela tese que o pensar por linhas os fatores que tocam a noção de ethos possibilita abrir caminhos para o exercício de perspectivar (geo)filosoficamente o campo no qual o educador está situado, assim como oferece ferramentas que permitem erigir uma máquina de guerra contra as linhas da governamentalidade biopolítica que territorializam sobre os modos de vida no registro educacional a partir de categorias e biopotencialidades locais.