A Odisséia de Nikos Kazantzakis: epopéia moderna do heroísmo trágico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Bernardes, Carolina Donega [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/106325
Resumo: O tema da viagem de Odisseu foi largamente retomado pela tradição literária após a Odisséia de Homero, seja para confirmar o ideal do herói nostálgico, que anseia o retorno à pátria, seja para reafirmar o ímpeto do eterno navegador de mares. Nikos Kazantzakis (1883-1957) igualmente retoma o Odisseu lendário, insatisfeito com o retorno ao lar, como seu protótipo de herói e constrói, na modernidade, o poema épico Odisséia (1938), a partir do canto XXII no verso 477 do poema de Homero, sendo Odisseu levado a um novo itinerário ao deixar Ítaca definitivamente. Embora se baseie na obra clássica, recuperando personagens e a estrutura épica, Kazantzakis participa de seu tempo, compondo um novo Odisseu representante do mundo moderno, próximo das filosofias de Nietzsche e de Bergson. Como figura “entre mundos”, o Odisseu de Kazantzakis recupera as antigas delineações de Homero e incorpora as questões da modernidade: o niilismo, a desesperança, a multiplicidade. No entanto, além de prolongar os feitos de Odisseu e a narrativa de Homero, Kazantzakis compõe um poema épico de dimensões admiráveis – 33.333 versos de 17 sílabas poéticas, em 24 cantos – contrariando (e reafirmando) as intenções inovadoras de seus contemporâneos da primeira metade do século XX. A epopéia configura na modernidade um gênero considerado esgotado, que teria dado lugar ao romance como gênero mais apropriado às produções modernas. Esta investigação, no entanto, procura evidenciar que o épico de Kazantzakis, ainda que represente um anacronismo em tempos modernos e, para muitos, uma afronta às normas estéticas, é, assim como muitas das obras de sua época, a confirmação das intenções inovadoras em tempos de crise, por meio da incorporação de uma trajetória filosófica de Odisseu baseada no niilismo heróico de cunho nietzschiano e na evolução criadora de Bergson...