O onirismo bandeiriano: representações míticas do feminino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Gustavo Fiacadori
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/237352
Resumo: Longa e múltipla foi a atuação de Manuel Bandeira (1886-1968) na poesia brasileira – além de outros campos, como arte, cultura e ensino –, abordando temas que transitam entre extremos, de que são alguns exemplos: da vida à morte; do amor inocente/sublime ao erótico/terreno; da observação/admiração da realidade junto à subversão/deformação da mesma; das brincadeiras infantis à maturidade reflexiva; das cantigas populares às tradições. Sua obra poética, assim, reflete sua riqueza de leituras – desde os clássicos aos seus contemporâneos – e de vivências – países, cidades, bairros e ruas por que passou – que o faz ser enorme, embora autoproclamado “menor”, como se discutirá aqui. A respeito dessa enormidade, a primeira proposta (base) do trabalho é uma leitura dos extremos da poesia bandeiriana tendo como exemplo de verificação o transitar entre: o penumbrismo (GOLDSTEIN, 1983) marcante nos primeiros livros, de atenuação e contemplação como traços distintivos, em textos de uma atmosfera penumbrista, sombria e melancólica; e a atitude humilde (ARRIGUCCI JR., 2001) motivada, em grande parte, pelas influências modernistas, construindo versos que refletem a aceitação e o convívio frente ao mundo cotidiano e às adversidades. A partir disso, passa a ser objetivo (edificação) do trabalho o estudo de dois eixos temáticos: a construção de um onirismo poético pelos versos selecionados, demonstrando como se cria ou se nega a imaginação onírica; e, posteriormente, observar as representações femininas, descobrindo o que de mítico há nas imagens criadas, descritas ou evocadas pelo eu lírico. O corpus da pesquisa é constituído pela re-leitura (sustentação e acabamento) de nove poemas de Manuel Bandeira, organizados aqui em três momentos (MOURA, 2001), para fins de melhor estruturação do texto – não como segmentação rigorosa que limite/reduza a poesia bandeiriana a três títulos apenas –, convém saber: momento inicial, ainda preso à herança parnaso-simbolista, com os poemas “Cantilena” (A cinza das horas, 1917), “Baladilha arcaica” (Carnaval, 1919) e “O menino doente” (O ritmo dissoluto, 1924); momento intermediário, de abertura e adesão plena ao modernismo, com a leitura de “O anjo da guarda”, “Irene no céu” (ambos de Libertinagem, 1930) e “D. Janaína” (Estrela da manhã, 1936); e o momento final, de equilíbrio entre a tradição literária, as experiências modernistas e até diálogos com as vanguardas de 50, de que são exemplos “Velha chácara” (Lira dos cinquent’anos, 1940), “Visita noturna” (Belo, belo, 1948) e “Sonho branco” (Estrela da tarde, 1960). Com o apoio crítico-teórico já assinalado além de outros – como Baudelaire, Bosi, Candido, Freud, etc. – a verificação exemplifica o caminhar entre penumbra e humildade ao longo da obra poética de Bandeira, em que também se discute a presença dos temas da pesquisa, uma vez que onirismo e representação mítica se preservam, mas sob diferentes máscaras, ou seja, são recorrentes, mas motivados/resultados por diferentes palavras (carregadas de sentido) a depender da imaginação que: poeticamente recria o mundo real, transformando o cotidiano em imaginário (sonhos, disfarces, devaneios, etc.); e, miticamente, figura o feminino, enquanto imagem descrita (por comparações, projeções, metáforas, etc.) em encontro com o eu lírico, imersos em um ambiente ora mais, ora menos onírico.