Revolução dentro da ordem e contra a ordem: o pensamento educacional de Florestan Fernandes (1959-1994)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Okumura, Julio Hideyshi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/251502
Resumo: A presente pesquisa visou analisar quais foram os marcos do desenvolvimento do pensamento educacional em Florestan Fernandes entre os anos de 1959 a 1994. A pesquisa é de natureza teórica e baseou-se em todos os livros e artigos escritos pelo autor dentro da temática educacional no período delimitado, além de seus intérpretes. Como procedimentos técnicos metodológicos, aplicou-se a pesquisa bibliográfica e documental. Os eixos elencados para a análise da obra educacional do autor foram: a) o trabalho do professor em uma sociedade subdesenvolvida, b) a escola pública e os dilemas históricos brasileiros e c) a relação entre escola e formação da democracia. Entre os anos de 1959 a 1994, Florestan Fernandes militou em defesa da escola pública, de modo revolucionário tanto dentro da ordem (nas décadas de 1950 e 1960 focando na construção da democracia) quanto dentro e contra a ordem política e econômica vigente (nas décadas de 1980 e 1990 com propostas socialistas), em marcos importantes da história dos embates político-educacionais no Brasil, a saber: na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) promulgada em 1961; nos debates a respeito da Reforma Universitária de 1968 (LEI Nº 5.540 de 1968); como deputado federal constituinte pelo Partido dos Trabalhadores (PT) nos anos de 1987-1988; e nos debates que precederam a nova LBD de 1996. A pesquisa revelou que há uma consistência teórica e de luta política em sua militância pela escola pública brasileira presentes nesses marcos: a defesa da escola pública, gratuita, de qualidade, laica e para todos como princípios para o formação e concretização da democracia no Brasil; a importância do trabalho do professor qualificado pelos saberes científicos e pelos valores democráticos; a importância da democratização da educação para possibilitar o acesso e a permanência da classe trabalhadora; a organização das escolas como instituições que visam formar para a democracia; a importância da representatividade da comunidade escolar nos colegiados em todas instâncias deliberativas; um ensino voltado às necessidades e interesses da classe trabalhadora; esses pensamentos/proposições são compreendidos como ações de revolução dentro da ordem. Há também em seus textos, a partir da década de 1980, outros pontos importantes apontados na análise do seu pensamento educacional: a importância da formação política da classe trabalhadora e do professor; a utilização da escola pública como espaço de formação da autoconsciência e autoemancipação da classe trabalhadora; e a necessidade da organização da luta dos educadores por meio dos movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos; esses pensamento/proposições estão relacionados às ações de revolução contra a ordem. Porém, ambas devem acontecer concomitantemente para que haja a possibilidade da conquista da democracia e do socialismo.