Estudo da correlação entre a biópsia de tempo zero e das características clínicas do doador e do receptor com a estimativa de filtração glomerular tardia em transplantados renais.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Gomes Filho, Fernando Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/244098
Resumo: Introdução: O transplante renal (TR) é considerado o procedimento de escolha para o tratamento da doença renal crônica em estágio terminal (DRC). Com intuito de aumentar a disponibilidade de órgãos para transplante, a biopsia de tempo zero (BTz) é amplamente utilizada em todo o mundo orientando a alocação de órgãos em transplantes de doadores falecidos. Entretanto, as evidências de que estejam associadas à importantes desfechos clínicos ainda permanece incerta. Objetivo: Correlacionar achados da BTz com as taxas de filtração glomerular estimada (TFGe) ao final de um ano considerando as principais variáveis relacionadas tanto aos doadores como aos receptores e enxerto, na tentativa de identificar uma possível interação entre elas e sua eventual interferência na função renal tardia. Materiais e métodos: Estudo de coorte retrospectivo transversal que analisou 392 TR realizados no Hospital das Clinicas de Botucatu durante o período de 2007 a 2017. Os achados histopatológicos da BTz foram estudados e classificados de acordo com diferentes compartimentos, assim como informações referentes às principais variáveis clinicas e laboratoriais, tanto dos receptores quanto dos doadores. A partir desses dados foram construídos modelos de regressão linear considerando-se os critérios histológicos a partir da BTz correlacionando com a TFGe ao final de 1 ano (modelo 1). Uma segunda análise da TFGe foi realizada levando-se em conta os critérios histológicos e as principais variáveis do doador e do receptor (modelo 2). Resultados: A média de idade dos doadores foi de 39 anos sendo 56,9% do sexo masculino. As principais causas de morte foram o acidente vascular cerebral (45,9%) e o trauma crânio encefálico (44,3%). O valor médio da creatinina no momento da captação foi de 1,35 mg/dL. Os receptores tinham em média 49 anos, sendo 60% masculino. Destes, 352 estavam em hemodiálise e 17 no segundo transplante. A principal causa de DRC foi indeterminada (26%) seguida de hipertensiva (25%). O tempo médio de isquemia fria foi de 22 horas e 57% receberam Basiliximab na indução. De acordo com o modelo 1, as principais alterações na BTz que se correlacionaram com a TFGe, foram a glomeruloesclerose (p=0.02), as alterações intersticiais (p=0.03) e as tubulares (p=0.048). Já no modelo 2, a maior idade do doador, a presença de rejeição durante o período de seguimento e o tempo de isquemia fria foram os fatores que impactaram negativamente na TFGe Conclusão: A BTz continua a ter seu papel na decisão sobre alocação de órgãos para transplante, mas além da glomeruloesclerose, as alterações tubulares e intersticiais também devem ser valorizadas. Nossos resultados mostram que é possível realizar o TR em casos selecionados, mesmo com uma biópsia não favorável. Nesta situação, rins com biopsias marginais provenientes de doadores jovens e com baixo tempo de isquemia fria poderiam ser utilizados com objetivo de aumentar a oferta de órgãos, sem prejuízo significativo da função ao final de um ano.