Ajustes de parâmetros do andar e modulação da ativação cortical em função da altura e profundidade de obstáculos em indivíduos com Doença de Parkinson

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Kuroda, Marina Hiromi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/238437
Resumo: As pessoas com doença de Parkinson (DP) apresentam um risco aumentado de quedas em comparação com a população idosa em geral devido aos sintomas associados à patologia. As quedas geralmente ocorrem durante a deambulação, sendo o tropeço que antecede a ultrapassagem de um obstáculo o mais comum em quedas. Como tal, é importante entender os desafios e o aumento das demandas enfrentadas por pessoas com DP durante tarefas complexas do andar. A configuração de um obstáculo e as dimensões associadas afetam a complexidade e o desafio locomotor da tarefa. Aumentar a altura dos obstáculos resulta em maior desafio ao equilíbrio e obstáculos longos que não excedem o comprimento normal do passo são sugeridos para atuar como uma dica visual, solicitando o comprimento adequado do passo. Obstáculos de altura incremental (por exemplo, 15cm>30cm>45cm) resultam em uma mudança gradual nas adaptações da marcha. No entanto, pouco se sabe sobre as adaptações da marcha ao ultrapassar obstáculos de profundidade incremental. Os objetivos desta dissertação são: (a) investigar como pessoas com DP adaptam sua marcha em resposta a obstáculos de altura e profundidade; (b) explorar como as pessoas com DP adaptam a atividade cortical durante a aproximação e ultrapassagem de obstáculos com diferentes dimensões. Foram recrutadas 15 pessoas com DP (GDP) e 15 indivíduos neurologicamente sadios (GC). Todos os participantes foram convidados para uma única sessão durante a qual questionários demográficos, clínicos (somente participantes de DP) e de desempenho funcional foram obtidos. Os participantes completaram uma série de condições de caminhada utilizando obstáculos de diferentes alturas (5cm (A5), 15cm (A15) e 25cm (A25)) e profundidades (15cm (P15), 30cm (P30) e 45cm (P45)). Foram calculados os parâmetros espaço-temporais (comprimento, largura, velocidade, duplo suporte e distâncias horizontal e vertical) e a atividade cortical da fase de aproximação (três passos antes da ultrapassagem) e de ultrapassagem (passo de ultrapassagem com o membro de ultrapassagem e com o membro de suporte). Os parâmetros da marcha e as bandas de frequência da atividade cortical (frontal, motora, parietal e occipital) foram comparados por ANOVA de duas vias com fatores para grupo (GDP x GC) e condições (sem obstáculo x obstáculos altos x obstáculos profundos), com medidas repetidas para o último fator. Pessoas com DP apresentaram menor comprimento do passo e velocidade durante a aproximação do obstáculo A25; e maior velocidade do passo durante a tarefa de ultrapassagem em relação ao P45. Ainda, ao ultrapassar o A15, os participantes desse estudo apresentaram maior duração do passo e duplo suporte. O principal achado cortical foi que pessoas com DP apresentam maior ativação da banda beta na região occipital, o que pode indicar uma forma de compensação de processamento e planejamento das informações sensórias, sendo o obstáculos altos (15 e 25cm) mais desafiadores quanto ao planejamento e execução de ultrapassagem. Por outro lado, o obstáculo profundo (45cm) pode ter sido utilizado como uma dica externa. Dessa forma, é possível dizer que quando submetidos à tarefa de ultrapassagem de obstáculos, variando suas alturas e profundidades, pessoas com DP apresentam alterações cinemáticas. Entretanto, o aumento da atividade da região occipital e da banda β, indicam o déficit presente em pessoas com DP, em uma estratégia de realizar com sucesso a tarefa de ultrapassagem de obstáculo. As descobertas desta dissertação avançam na literatura para a produção de protocolos de reabilitação de pessoas com DP, utilizando como estratégia a ultrapassagem de obstáculos, tendo em vista que alterações cinemáticas e corticais estão presentes durante a tarefa, em uma tentativa de estimular as vias de planejamento e de execução de movimento.