Estratégias de resistência em assentamentos de reforma agrária: o caso do assentamento Margarida Alves em Nova União, Rondônia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Araújo, Marcel Eméric Bizerra de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/193683
Resumo: O Assentamento Margarida Alves, no município de Nova União, Rondônia, é fruto das diversas frentes de luta pela terra encampadas pelo MST Brasil afora, localizando-se em uma área que outrora fazia parte do Programa Integrado de Colonização – PIC Ouro Preto do Oeste, foi o primeiro desta ordem a ser implementado em Rondônia na década de 1970 pelo INCRA. Objetivamos neste trabalho investigar as estratégias utilizadas pelos camponeses familiares do Margarida Alves para permanecerem na terra, quais estratégias as famílias têm construído para preservarem a dignidade, ampliarem a renda e, consequentemente, melhorarem a qualidade de vida. Realizamos comparações entre dados existentes sobre o Assentamento levantados pelo programa DURAMAZ (I e II), de 2007 e 2013, e dados coletados, em 2019, especificamente para o presente trabalho. Em fevereiro de 2019, realizamos um trabalho de campo no Assentamento, sendo aplicados 77 formulários com famílias assentadas, cujos dados foram digitados e tabulados em planilha de cálculo para elaboração de gráficos e tabelas. Como principais resultados, constatamos que os assentados do Margarida Alves usam como estratégias de produção para permanência na terra a manutenção da produção de leite e a adesão, mesmo que lenta, à criação de gado bovino de corte. Entendemos que outras formas de aquisição de renda e o acesso a linhas de crédito e financiamentos servem de sustentação para a continuidade da bovinocultura no Assentamento. A inclusão de outras fontes de renda, principalmente aposentadorias e pensões, têm auxiliado na manutenção das famílias atendidas, sendo importante, pois esse tipo de renda compõe o orçamento da família e proporciona a melhoria na produção, sendo considerada por nós uma estratégia para permanência na terra. Além disso, a forma como as pessoas realizam seus trabalhos no Assentamento, como troca de dias de serviço e o pagamento de diárias, ajudam-lhes a manterem dinheiro em circulação entre a população local, sendo estas, também, outras estratégias para continuarem na terra, pois consideram preferível realizar trabalhos no lugar, com seus pares, do que realizarem trabalhos, às vezes melhor remunerados, para fazendeiros da região. O Margarida Alves, assim como outros assentamentos, tem realidade complexa, não sendo possível revelarmos integralmente em apenas uma pesquisa. Mas acreditamos que esse trabalho possa contribuir para desvendar à sociedade brasileira um pouco desses lugares de luta e resistência, onde muitas famílias constroem seus projetos de trabalho e de vida.