Qualidade de Vida em Mães de Crianças com Alergia Alimentar.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Sauretti, Priscila Nalin
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/154912
Resumo: Introdução. A alergia alimentar (AA) é um problema crescente de saúde pública, com estimativa de prevalência atual na faixa de 4% a 8%. O tratamento essencialmente nutricional, com a exclusão dos alérgenos alimentares implicados. Assim, para as crianças afetadas e seus pais ou cuidadores, tanto a morbidade que precede o diagnóstico e tratamento, quanto às restrições alimentares indicadas após o diagnóstico podem resultar em sobrecarga emocional, acrescentando ansiedade e estresse às tarefas diárias e afetar a Qualidade de Vida (QV). O WHOQOL-BREF, validado para a língua portuguesa, é um instrumento genérico para aplicação em adultos. Considerando ser importante avaliar a QV em mães de crianças com alergia alimentar, os objetivos deste estudo são: avaliar a QV de mães de crianças com alergia alimentar em dois momentos: ao diagnóstico da alergia alimentar da criança (alergia alimentar não tratada), e em segundo momento quando a criança estiver com o tratamento estável e assintomática e correlacionar os escores dos diferentes domínios do WHOQOL-BREF com o escore total do CoMiSS. Métodos. Estudo observacional, transversal, em uma amostra de mães de crianças com AA diagnosticadas antes dos três anos de idade. Critérios de inclusão: As mães respondedoras do instrumento de avaliação de Qualidade de Vida deveriam ser adultas (idade acima de 18 anos); serem capazes de compreender as instruções e de responder as questões formuladas no WHOQOL-BREF; ter conhecimento da condição clínica do paciente e residir no mesmo domicílio do paciente. Critérios de inclusão para as crianças: idade menor que 36 meses ao diagnóstico da AA; diagnóstico da AA baseado em dados clínicos, laboratoriais, provocação oral aberta e prick teste; seguimento clínico para acompanhamento por pelo menos seis meses. Critérios de exclusão para as crianças: crianças com diagnóstico duvidoso de alergia alimentar; crianças com co-morbidades crônicas, tais como doenças genéticas, neurológicas, cardiológicas, endocrinológicas e nefrológicas. Foram colhidos dados clínicos mediante entrevista com as mães segundo protocolo desenvolvido para o estudo. O instrumento genérico impresso, auto administrado, foi aplicado a mães de crianças com alergia alimentar. O escore CoMiSS foi aplicado no mesmo dia da avaliação da QV. Resultados. O WHOQOL-BREF foi administrado a 86 mães, sendo grande proporção com ensino médio e superior completos. No estudo, o questionário foi auto administrado em 91% e a mediana do tempo de preenchimento do questionário foi de 5 minutos. Entretanto, 48% estavam desempregadas. O índice de aglomeração denotou que as famílias são pequenas e vivem em moradias com poucos cômodos. A maioria das crianças nasceu de cesariana, sendo primogênitas em metade dos casos. As crianças apresentaram o início dos sintomas e a primeira consulta antes dos seis meses de vida, com introdução precoce do leite de vaca e predomínio de manifestações gastrointestinais e pouco comprometimento do estado nutricional tanto ao nascimento quanto no momento do diagnóstico. Observou-se antecedente alérgico positivo em pais ou irmãos em 45,3% e maior ocorrência de antecedente positivo na mãe, em alergia respiratória. Observou-se que não houve diferença estatisticamente significativa entre os quatro Domínios avaliados e Correlação positiva, de moderada a forte intensidade, e altamente significativa entre os valores obtidos nos Domínios. As quatro facetas com piores avaliações foram: recreação e lazer; recursos financeiros; sono e repouso; sentimentos negativos em ordem crescente de valores. Observou-se Correlação negativa, ou seja, quanto maiores os valores do CoMiSS, menores os valores dos Domínios Psicológico, Relações Sociais e Meio Ambiente. Não houve diferença estatisticamente significativa para os quatro Domínios na comparação entre antes e após o tratamento. Para as 34 mães que responderam os dois questionários (mediana e o intervalo interquartil) do tempo em meses entre os dois questionários foi de 9 (6-15), as quatro facetas com piores avaliações no momento do diagnóstico foram: recreação-lazer; recursos financeiros; sono-repouso; sentimentos negativos em ordem crescente de valores. A evolução destas facetas mostrou: nenhuma melhoria para recursos financeiros; pequena melhora para recreação-lazer e sono-repouso e moderada melhora para sentimentos negativos. Conclusões. Este estudo de pesquisa transversal observou alto índice de participação no estudo, facilidade da auto-aplicação do questionário, baixo número de perdas de respostas às facetas, o que apóia a aplicabilidade clínica da escala WHOQOL-BREF como medida de qualidade de vida de mães de crianças com alergia alimentar. A aplicação do questionário em mães de crianças com alergia alimentar na faixa etária das crianças avaliadas, denota a mãe como o principal membro da família com maior preocupação com a saúde da criança. Isto implica em melhor definição em quem educar para o problema. As mães identificaram a necessidade de sono e repouso associado à recreação e lazer como facetas comprometidas durante todo o processo de diagnóstico e tratamento da alergia alimentar de seus filhos. As preocupações com o tratamento da alergia alimentar se perpetuam mesmo após o diagnóstico inicial. A escala genérica de QV não foi capaz de detectar mudanças após o tratamento. Este achado denota duas situações: que realmente não há mudança na QV das mães após o diagnóstico ou a necessidade do uso de questionários específicos para estudos de alergia alimentar, que necessitam a avaliação de desfechos. Este estudo contribui para a literatura de alergia alimentar e chama a atenção para a necessidade de considerar a avaliação continua da mãe, mesmo após o diagnóstico inicial. O aumento no número de crianças diagnosticadas com alergias alimentares ressalta a importância de intervenções para abordar preocupações psicossociais, como estresse e ansiedade nos pais.