Efeito da estimulação táctil de longo prazo sobre o bem-estar da tilápia-do-nilo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Gauy, Ana Carolina Dos Santos [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/204290
Resumo: Na piscicultura, estressores como alta densidade de estocagem e elevadas interações agressivas entre os indivíduos podem aumentar o estresse e diminuir o bem-estar de peixes. No entanto, pesquisas direcionadas à redução desses efeitos ainda são escassas. Alguns estudos mostram que a estimulação táctil, semelhante à massagem corporal, tem efeitos positivos na diminuição do estresse e aumento do bem-estar, principalmente em mamíferos. Em peixes, a estimulação táctil de curto prazo (10 dias ou menos) reduz o estresse em um peixe de recife de coral e diminui a agressividade em indivíduos isolados de tilápia-do-nilo. Alguns estudos sugerem que a massagem a longo prazo tenha efeito cumulativo em mamíferos, porém, efeitos prolongados precisam ser investigados em outros vertebrados para testar se esse procedimento seria adequado para melhorar o bem-estar. Assim, testamos o efeito da estimulação táctil de longo prazo no bem-estar de grupos de tilápia-do-nilo, terceira espécie mais produzida na piscicultura mundial. Essa espécie é um ciclídeo e, portanto, apresenta comportamento territorial e de hierarquia de dominância, os quais são definidos por meio de interações agressivas. Foi defendida a tese de que a estimulação táctil de longo prazo traz efeitos positivos aos parâmetros ligados ao bem-estar e a produtividade em espécies agressivas. Assim, foram realizados dois estudos para testar o efeito da estimulação táctil sobre a interação social agressiva e o estresse e também, sobre o estresse e os parâmetros produtivos em diferentes densidades de estocagem. Em ambos os estudos, um aparato formado por uma moldura retangular de PVC, com hastes plásticas posicionadas na vertical e contendo cerdas de silicone nas laterais, foi introduzido do centro do aquário. Os peixes passavam por entre as cerdas, recebendo estimulação táctil corporal. Um aparato semelhante, mas sem as cerdas de silicone, funcionou como controle. No primeiro estudo, foi testado o efeito da estimulação táctil de longo prazo sobre a agressividade, o estresse e os parâmetros produtivos em grupos de tilápia-do-nilo. Quatro machos adultos foram agrupados e mantidos por 21 dias sem acesso (7 réplicas – controle) ou com acesso (10 réplicas) à estimulação táctil. A cada 3 dias foram quantificadas as interações agressivas e número de atravessamentos dos animais pelo aparato. Os animais foram medidos e pesados nos dias 1, 7 e 21 e o sangue foi coletado nos dias 7 e 21. Foi observado diminuição do estresse e menor número de interações agressivas no tratamento com estimulação táctil a partir do dia 10. Essa diminuição foi mais acentuada a longo prazo (dias 19 e 21). Além disso, o nível de testosterona (T) aumentou ao longo do tempo nos animais mais dominantes do tratamento com estimulação táctil e não houve diferença no nível de 11-cetotestosterona (11-KT). Foi observado, também, maior taxa de crescimento, eficiência alimentar, sobrevivência e fator de condição dos animais no tratamento com estimulação táctil. Tanto a diminuição da agressividade, quanto o aumento no crescimento foram mais evidenciados no peixe alfa. No segundo estudo, foi testado se a estimulação táctil de longo prazo reduz os efeitos negativos da alta densidade de estocagem. Foram realizados 4 tratamentos, com 10 réplicas cada: 1) Sem estimulação táctil e alta densidade (1 peixe / 0,014 m3); 2) Sem estimulação táctil e baixa densidade (1 peixe / 0,028 m3); 3) Com estimulação táctil e alta densidade (1 peixe / 0,014 m3); 4) Com estimulação táctil e baixa densidade (1 peixe / 0,028 m3). Dez animais foram agrupados e mantidos, também, por 21 dias. Os animais passaram por biometrias nos dias 1, 10 e 21 e por coleta de sangue no dia 21. Não houve diminuição no nível de cortisol, mas a taxa de crescimento, ganho de peso, ganho de comprimento e eficiência alimentar foram maiores no tratamento com estimulação táctil, mesmo quando em alta densidade. Essas variáveis foram ainda maiores no tratamento com baixa densidade e estimulação táctil. Além disso, o fator de condição aumentou no final dos 21 dias somente no tratamento com estimulação e baixa densidade. Com isso, podemos concluir que a estimulação táctil de longo prazo apresenta efeitos positivos sobre a agressividade e os parâmetros de desempenho produtivo na tilápia-do-nilo. Desse modo, pode ser usada como ferramenta para melhorar a produção e aumentar o bem-estar dos peixes.