Avaliação do potencial genotóxico e antigenotóxico de Lycium barbarum (goji berry), nutracêutico usado como citoprotetor e antioxidante

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Gonçalves, Letícia Cristina [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/153539
Resumo: O L. barbarum, popularmente conhecido goji berry, tem despertado o interesse da comunidade científica ocidental, devido a sua riqueza nutritiva e a ação antioxidante que promovem efeitos benéficos para a saúde humana. Entretanto, há poucos relatos na literatura sobre sua possível ação tóxica ou comprovação do seu potencial protetor. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos citotóxicos (pelo MMT), genotóxicos e antigenotóxicos (pelo ensaio do cometa), mutagênicos, e antimutagênicos (pelo teste do micronúcleo com bloqueio de citocinese – MN), de estresse oxidativo (pela quantificação dos níveis de GSH e TBARS e pela atividade das enzimas SOD e GST), de potencial antioxidante, do teor de polifenóis totais e da fitoquímica qualitativa de 3 diferentes concentrações recomendadas para o uso diário do extrato de L. barbarum (0,2; 0,4 e 0,6 g/L), por meio de ensaios realizados com sistemas-teste in vitro e in vivo. Neste estudo foram utilizados o organismo teste Allium cepa e culturas de duas linhagens celulares: células de hepatocarcinoma humano (HepG2) e adenocarcinoma de mama humano (MCF-7). Para A. cepa, foram aplicados os testes de aberrações cromossômicas e de micronúcleos em células meristemáticas e dos micronúcleos em células F1. As análises de antigenotoxicidade e antimutagenicidade realizada com esse organismo seguiram protocolos convencionais de pré-tratamento, pós-tratamento e tratamento simultâneo simples. Os resultados destes testes mostraram que o L. barbarum não apresentou potencial genotóxico ou mutagênico para A.cepa, mas apresentou respostas positivas para ações antigenotóxica e antimutagênica. Pela aplicação da fórmula de porcentagem de redução dos danos, pode-se verificar que a taxa de redução, promovida pelo L. barbarum variou significativamente (41,7% a 64% para as células meristemáticas e de 65% a 100% para as células F1). Assim, inferimos que o extrato de L.barbarum apresentou um efeito protetor sobre as células de A. cepa. Em relação ao teste do MTT, realizado com cultura celulares das linhagens HepG2 e MCF-7, foi possível observar que o L. barbarum não foi citotóxico para nenhuma das linhagens testadas. As avaliações realizadas pelo ensaio do cometa, nas mesmas linhagens celulares, mostraram que o extrato não foi genotóxico para HepG2, mas foi genotóxico para a todas as concentrações testadas (0,2; 0,4 e 0,6 g/L), para MCF-7. No entanto, na avaliação de genotoxicidade, por meio do teste do micronúcleo com bloqueio de citocinese, foi possível observar uma diminuição significativa na frequência de brotos, pontes e MN para as três concentrações testadas (0,2; 0,4 e 0,6 g/L) na linhagem MCF-7, indicando um possível reparo dos danos genotóxicos observados para o ensaio do cometa. Já no teste do MN (avaliação de mutagenicidade), não foram observadas mutagenicidade para nenhuma das linhagens testadas. As avaliações de antigenotoxicidade e antimutagenicidade do L. barbarum foram realizadas apenas com a linhagem HepG2, devido a ausência de potencial genotóxico e mutagênico registrado para essas células. Nesta avaliação foram seguidos os protocolos de pré-tratamento, pós-tratamento, tratamento simultâneo e tratamento simultâneo com incubação. Na avalição de antigenotoxicidade e antimutagenicidade, os protocolos de pré e pós-tratamento com as concentrações 0,4 g/L e 0,6 g/L se mostraram mais eficazes, para essas ações, o que permite inferir que o extrato estudado age tanto por desmutagênese como bioantimutagênese. Pela análise de porcentagem de redução dos danos, verificamos que a taxa de redução, promovida pelo L. barbarum, teve uma eficácia de 100%, para todos os pré-tratamentos e para os pós-tratamentos nas concentrações 0,4 g/L e 0,6 g/L, enquanto que para a concentração 0,2 g/L, a eficiência variou de 40% a 70%. Foi observado ainda que, todos os tratamentos simultâneos induziram morte celular, indicando uma possível interação entre o MMS (substância utilizada como controle positivo) com algum composto do extrato de L. barbarum, como as quinonas. Os efeitos protetivos do L. barbarum observados no sistema teste A. cepa e nas células HepG2 podem estar associados à presença de flavonóides, saponinas e alcalóides presentes em todas as concentrações testadas (0,2; 0,4 e 0,6 g/L), conforme verificado nas análises fitoquímicas qualitativas. Este efeito protetivo também pode ser associado ao teor de polifenóis totais, quantificados em 6,03 mg equivalente (eq.) de ác. gálico/mL, e a maior atividade antioxidante, dada pela concentração 0,6 g/L de L. barbarum, determinada pelo método do DPPH. Por fim, foi avaliado a capacidade do L. barbarum induzir alterações no equilíbrio redox em ambas as linhagens celulares (HepG2 e MCF-7). Foram quantificados os níveis de GSH, TBARS e a atividade das enzimas SOD, GST. Foi possível observar um aumento significativo apenas para os níveis de GSH na linhagem HepG2, o que confirma a proteção do material genético sugerida, anteriormente, nas demais análises realizadas com esta linhagem. Já para as células MCF-7, não foram observadas alterações significativas para nenhuma das análises realizadas, indicando ausência de indução de estresse oxidativo. Os resultados desta pesquisa sugerem que o L. barbarum pode apresentar efeitos protetivos sobre a molécula do DNA, pois mostrou ter ação antigenotóxica e antimutagênica, além de promissiores potenciais de redução de danos, tanto em testes in vivo como in vitro.