Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Vilas Boas, Lucas Kortz [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
eng |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/216100
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Resumo: |
Algas bentônicas são importantes contribuintes para a energia autóctone em ambientes lóticos, além de contribuir para o enriquecimento e estruturação do habitat aquático. De maneira geral, os ambientes aquáticos continentais são historicamente degradados por atividades humanas, das quais, uma das principais é a ocupação e uso de áreas circunvizinhas para o plantio, em larga escala, de espécies de interesse agrícola. A expansão de áreas de agricultura sobre áreas adjacentes a ambientes aquáticos continentais pode afetar tais ambientes de diversas maneiras, entre elas, contaminando-os com pesticidas capazes de agir em organismos não-alvo. Além disso, o aquecimento global, exacerbado pela atividade antrópica, pode afetar a biota dos ambientes aquáticos, influenciando nas características físico-químicas da água e afetando na fisiologia dos organismos. Tais condições constituem um ambiente multi-estressor para os organismos lóticos, especificamente para produtores primários, como as macrófitas e as algas bentônicas. Neste contexto, para se compreender os reais impactos ecológicos desta natureza é fundamental que se avalie os efeitos, diretos e indiretos, de agentes multi-estressores sobre a biota lótica, especialmente, como já dito, sobre os produtores primários, uma vez que estes são, em regra, a base das teias tróficas nestes ecossistemas. Assim, considerando esta lógica, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a fotossíntese de espécies de algas bentônicas lóticas após exposição ao herbicida tebuthiuron, um herbicida comumente utilizado em culturas de cana-de-açúcar no Brasil, em conjunto com o aumento de temperatura previsto pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Três concentrações de tebuthiuron (0,05mg/L, 0,6mg/L e 1,2mg/L) e um controle sem adição do herbicida foram utilizados em conjunto com três temperaturas (21,3 ºC, 23,9 ºC e 26 ºC), calculados a partir das projeções de aumento de temperatura propostas para dois cenários, RCP 4.5 e RCP 8.5, do IPCC. Duas espécies de Chlorophyta (Nitella microcarpa var. wrightii e Oedogonium sp.) e uma espécie de Rhodophyta (Batrachospermum helminthosum) foram testadas. As técnicas de fluorescência da clorofila e da evolução do oxigênio dissolvido foram utilizadas. Todas as espécies foram afetadas negativamente pela exposição ao tebuthiuron, com diminuição de seu rendimento quântico efetivo (Y(II)). No entanto, as duas espécies de algas verdes mostraram respostas negativas apenas nas concentrações acima de 0.6 mg/L, enquanto B. helminthosum apresentou uma maior sensibilidade, com efeito negativo aparente mesmo na concentração mais baixa. Considerando a temperatura, N. microcarpa não mostrou efeitos negativos expressivos relacionados a esse parâmetro, provavelmente por se tratar de uma espécie de alga verde comumente encontrada em locais com alta irradiação e, consequentemente, temperatura mais elevada. Oedogonium sp., por outro lado, apesar de descrita como uma alga com altos níveis de crescimento em uma grande amplitude de temperaturas, teve sua taxa de fotossíntese líquida (NPR) reduzida tanto no cenário RCP 4.5 quanto no RCP 8.5. B. helminthosum, uma espécie comumente descrita como aclimatada a locais de baixa irradiância e consequentemente a menores temperaturas, apresentou sinais de estresse no cenário RCP 8.5, porém teve sua NPR aumentada no cenário RCP 4.5. Alguns efeitos sinérgicos foram observados entre a exposição ao tebuthiuron e ao aumento de temperatura, como em N. microcarpa em que uma diminuição mais expressiva da taxa de transporte de elétrons (ETR) foi causada pelo tebuthiuron no cenário RCP 8.5 e em B. helminthosum com sua NPR reduzida em maior intensidade pelo tebuthiuron nos dois cenários de temperatura testados. A capacidade de ação do tebuthiuron nesses organismos não-alvo se dá justamente pelo seu modo de ação no fotossistema II, interrompendo o fluxo de elétrons próximo à plastoquinona B. Considerando a elevada toxicidade ambiental do tebuthiuron, seu uso descontrolado e o concomitante aumento de temperatura causado pelo aquecimento global, os resultados do presente estudo sugerem que alguns dos cenários multi-estressores testados podem gerar grandes impactos à comunidade de organismos fotossintetizantes de água doce, possivelmente impondo, inclusive, severos efeitos negativos nos demais níveis tróficos, dado os reflexos de um potencial “efeito cascata”. |