A escola como lugar de desenvolvimento profissional docente: dos desafios às possibilidades.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Arnosti, Rebeca Possobom [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/215990
Resumo: Esta pesquisa se fundamenta na profissionalização do ensino e da docência, movimento que contribuiu para que a escola passasse a ser concebida como lugar de formação e produção de saberes docentes. Estudos têm apontado para isso há cerca de quatro décadas, mas, na prática, ainda se verificam muitos entraves para que a escola desempenhe tal função, como: legislações que ainda não asseguram esse lugar, excesso de atividades burocráticas, falta de compreensão dos gestores em relação a essa função etc. Assim, questiona-se: Como possibilitar a construção da escola como lugar de desenvolvimento profissional docente (DPD)? Por isso, objetivamos investigar os processos de construção da escola como lugar de DPD, tendo por base os princípios da profissionalização da docência. Especificamente, buscamos: (a) documentar e analisar processos e ferramentas que podem colaborar com tal construção; (b) apontar os desafios encontrados na construção da escola como lugar de DPD; (c) apresentar as transformações introduzidas nos novos processos formativos com relação às práticas docentes e à escola; (d) identificar dispositivos, dinâmicas e outros aspectos que favoreçam o fortalecimento do trabalho coletivo e da autonomia profissional; (e) analisar as contribuições de processos de DPD aos professores, aos alunos e à escola. Realizou-se pesquisa qualitativa, de caráter construtivo-colaborativo, tendo como técnicas de coleta de dados: questionário; observação; observação participante; grupo focal e análise documental. Os dados passaram por análise de conteúdo. Para análise dos registros de observação, também se considerou a microanálise etnográfica de interação. O estudo envolveu três escolas, quatro diretoras, sete vice-diretoras, cinco professores coordenadores, um técnico-agrícola, 45 professores em participação ativa e 47 professores em participação periférica ou forasteira. Os resultados destacam a importância de a gestão escolar ser vista como profissionais da educação, não da administração, pois precisam ter consciência de seu papel e organizar práticas intencionais em direção a um acompanhamento socioprofissional dos professores, articulando o projeto de escola ao projeto formativo, com o intuito de contemplar o desenvolvimento organizacional, pessoal e profissional. Nas escolas que conseguiam articular essas três dimensões, identificamos o surgimento de novas disposições, verificamos a cultura da escola em movimento. Esse processo é potencializado quando o grupo se constitui como uma comunidade profissional, o que corrobora o sentimento de pertença ao contexto e relações formativas mais horizontais. Nas sequências formativas, destacamos as capazes de propiciar percursos formativos, isto é, que reservaram tempo e ações planejadas para que os professores estabelecessem articulações entre diferentes elementos: saberes e práticas locais; trajetória de vida e atuação profissional etc. Essas articulações aconteceram a partir de reflexões, favorecidas por dispositivos de acompanhamento socioprofissional dos alunos e das práticas; por estudos sobre a docência; por diferentes formas de se acessar as práticas locais; pela diferenciação entre práticas e práticas locais; entre a socialização de atividades e a reflexão sobre elas etc. Lógicas formativas pautadas na sala de aula e no aplicacionismo foram identificadas, indicando a necessidade de superá-las. Assim, a pesquisa salientou espaços que favoreceram o DPD dentro da escola, mas verificou que ela ainda não ocupa este lugar do ponto de vista político, pois saberes e práticas nela produzidos tendem a ficar silenciados, às margens da lógica administrativa-legal. Para concluir, este trabalho nos convida a pensar novos caminhos para o processo de profissionalização, que aqui denominamos de profissionalização educativa, a qual deve estar ancorada na cultura profissional, no compromisso com a educação, na autonomia como conquista política e social e em respostas multidisciplinares aos desafios que emergem na escola. Os conceitos de acompanhamento socioprofissional, percursos formativos e comunidades profissionais emergiram como preponderantes para que a escola possa organizar espaços de DPD.