A percepção de conforto/desconforto das mulheres trans e travestis no vestuário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Gomes, Onnara Custódio [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/296311
Resumo: Existe uma carência de produtos de vestuário adequados para grupos que não se encaixam nos padrões tradicionais, entre eles, as mulheres trans e travestis. As roupas femininas disponíveis no mercado são pensadas para corpos cisgênero e ignoram as especificidades dessas mulheres. Estas enfrentam desafios específicos, pois seus corpos sofrem mudanças com a hormonioterapia, além de serem impactados por vários outros fatores, como a hipersexualização de seus corpos e a imposição de estereótipos de feminilidade. Assim, a presente pesquisa buscou compreender como as mulheres trans e travestis percebem o conforto/desconforto no vestuário. Trata-se de uma pesquisa aplicada, descritiva-explicativa, com enfoque qualitativo. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas, em que o instrumento foi um roteiro de perguntas semiestruturado. Um total de dezesseis mulheres trans e travestis participaram desta pesquisa. A análise dos dados foi realizada associando duas técnicas adaptadas, a análise de conteúdo de Bardin (2016) e os ciclos de codificação propostos por Saldaña (2013), com apoio do software ATLAS.ti combinado ao uso de cadernos. Quatro categorias (Interação corpo-vestuário; Vivências psicossociais no vestuário; Mudanças corporais e estratégias de uso; Barreiras e invisibilização) e oito subcategorias emergiram a partir da análise dos dados. Os resultados confirmaram a hipótese inicial, de que as mulheres trans e travestis percebem o conforto/desconforto no vestuário de forma diferenciada em relação às mulheres cisgênero, uma vez que essa experiência é atravessada por fatores psicossociais que impactam sua identidade e bem-estar. Além das quatro dimensões indicadas na literatura científica que englobam o conforto total (sensorial, termofisiológica, ergonômica e psicológica), evidenciou-se que, para as mulheres trans e travestis, existe uma quinta dimensão, a social, que diz respeito à maneira como essas mulheres são percebidas e tratadas na sociedade, sendo um reflexo do aspecto psicológico, mas com influência direta e independente sobre as vivências e o bem-estar dessas mulheres. Diante desses achados, foram propostas diretrizes para o desenvolvimento de vestuário, destinado a esse público, com ênfase no conforto, levando em consideração cinco itens: modelagem, tecidos, funcionalidade, testes e pesquisas, e inclusão na moda. Esta pesquisa espera contribuir não só para a ampliação do debate, mas também na aplicação prática, a partir dessa proposta de diretrizes, com interesse e olhar atento às reais demandas das mulheres trans e travestis.