Ecologia e comportamento das aves migratórias neotropicais austrais e a urbanização da Mata Atlântica do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Barbosa, Karlla Vanessa de Camargo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/194391
Resumo: Vivemos em uma era onde as paisagens naturais do planeta são alteradas rapidamente, formando mosaicos de estruturas antrópicas e manchas arborizadas inseridas em contextos urbanos. Essas manchas verdes servem como importantes locais para conservação da biodiversidade, bem como para reprodução e forrageamento de espécies de aves migratórias. No entanto, os efeitos das características da paisagem urbana sobre as aves ainda são pouco entendidos na região Neotropical. Este estudo buscou entender os efeitos da urbanização sobre as aves da Mata Atlântica e conhecer as demandas de habitat das aves migratórias em áreas urbanas. Nesse contexto, o estudo teve quatro objetivos: 1) Avaliar as respostas das aves a um conjunto de atributos de cobertura do solo na paisagem urbana da cidade de São Paulo; 2) Descrever o habitat e a área de vida do tiranídeo migratório Myiodynastes maculatus solitarius em um parque urbano da Mata Atlântica; 3) Verificar se os tiranídeos migratórios têm fidelidade de sítio reprodutivo, e se sexo, habitat ou condição corpórea afetam a fidelidade de sítio; e 4) Revisar o desenvolvimento da ciência cidadã e sua contribuição para a ornitologia no Brasil, bem como conhecer, através dessa fonte de dados, a agenda migratória e os requisitos mínimos de habitat de quatro espécies de aves migratórias Neotropicais austrais no Brasil. Como resultado encontramos que na paisagem urbana o uso de áreas verdes pelas aves migratórias e residentes são afetadas negativamente pelo alto índice de ruído e a distância dos corpos d´água, e que ambos grupos de espécies são afetados de maneira similar. Além disso, os efeitos da urbanização podem afetar comportamentos das espécies, como por exemplo mudar o uso do espaço. Para M. m. solitarius encontramos uma área de vida média de 5.4 hectares em parque urbano em São Paulo, sendo que quanto mais estruturas antrópicas maior é a área explorada pelo indivíduo. Assim como o M. m. solitarius, alguns indivíduos de Tyrannus savana e Empidonomus varius, segundo nossos resultados, retornam após migração ao sítio reprodutivo. No entanto, o sexo e o tipo de ambientes (rurais vs. urbano) são características que afetam para essa fidelidade. Segundo dados de ciência cidadã, essas espécies e P. rubinus, apresentaram diferentes requerimentos de habitat com relação a tamanho de áreas verdes, sendo para M. m. solitarius 10 hectares, P. rubinus 5 hectares, E. varius 1 hectare e T. savana no mínimo ruas urbanizadas. A ciência cidadã, que contribuiu de forma importante para obtenção de respostas nos estudos desta tese, tem crescido no Brasil e gerado conhecimento sobre as espécies brasileiras. Os dados provenientes da ciência cidadã mostram-se eficientes no fornecimento de informações relevantes em áreas urbanizadas, onde se concentram os observadores de aves que contribuem para as bases de dados. Para a implementação de iniciativas de conservação de forma mais efetiva, é necessário um maior foco em diferentes mosaicos da paisagem, sendo as áreas verdes urbanas partes dessa composição como refúgio para diversas espécies de aves. O desafio que se apresenta está em conhecer e conciliar as necessidades da sociedade humana e da biodiversidade para manter condições ecologicamente sustentáveis para ambos.