Caracterização do ciclo reprodutivo de machos e fêmeas de Eptesicus furinalis (Vespertilionidae, Chiroptera): morfologia e variação hormonal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Bueno, Larissa Mayumi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
AR
LH
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/153122
Resumo: Os morcegos apresentam ampla diversidade nos aspectos reprodutivos, entretanto, são poucos os estudos detalhados sobre a morfologia reprodutiva de Chiroptera, principalmente nas espécies de clima tropical. O estudo dos aspectos reprodutivos de uma espécie é de grande importância para, por exemplo, o entendimento de estratégias para sua conservação. Portanto, o presente estudo teve como objetivos analisar a morfologia dos órgãos reprodutivos de machos e fêmeas de Eptesicus furinalis (Vespertilionidae), uma espécie de grande distribuição pela América do Sul, além de comparar a foliculogênese e a morfologia geral dos ovários dessa espécie com a espécie simpátrica Artibeus planirostris (Phyllostomidae). Nos machos de E. furinalis, durante o processo de regressão testicular, no qual o testículo apresenta quatro fases reprodutivas distintas morfologicamente (fase ativa, em regressão, regredida e recrudescência), as células testiculares apresentaram variação na imunomarcação de receptores hormonais androgênicos (AR) e luteinizantes (LHR). Essa variação na imunomarcação desses receptores indica a participação hormonal no controle do processo da regressão testicular, por meio da ativação do AR nas células de Sertoli, e LHR nas células de Leydig. Na fase de regressão testicular, a imunomarcação de LHR e AR tende a diminuir, causando a desativação da espermatogênese, e na fase de recrudescência testicular ocorre um aumento na imunomarcação de LHR e AR, os quais reativam a espermatogênese. A morfologia do epidídimo, que é dividido em cabeça, corpo e cauda, e tem o epitélio composto por células principais, apicais, basais, estreitas, claras e halo, também sofre influencia do processo de regressão testicular, evidenciadas principalmente pela altura do epitélio e porcentagem relativa do lúmen e do estroma. Com relação às fêmeas, a morfologia geral dos ovários diferiu entres as espécies: enquanto E. furinalis apresentou uma abundância de glândulas intersticiais e folículos primordiais distribuídos por todo o ovário, os ovários de A. planirostris apresentaram poucas glândulas intersticias e os folículos primordiais estão localizados em uma área específica, constituindo um ovário polarizado. No processo da foliculogênese de A. planirostris e E. furinalis foram reconhecidos cinco tipos de folículos ovarianos: primordiais, primários, secundários, terciários e antrais. Em E. furinalis a ovulação ocorre em ambos os ovários, podendo ser liberados mais de um oócito por ovário (poliovular), enquanto em A. planirostris as fêmeas liberam um único oócito predominantemente pelo ovário esquerdo (monovular). No período de Janeiro a Julho, as fêmeas de E. furinalis estavam em condição não reprodutiva, ou seja, não estavam em período de gravidez ou lactação, sendo que de Maio a Julho foram observados espermatozoides no útero, indicando portanto, ocorrência de cópula. No período de Agosto a Dezembro, as fêmeas apresentaram condições de gravidez e/ou lactação, podendo exibir até quatro embriões no útero bicórneo no estágio inicial da gravidez (Agosto e Setembro), que se reduziu para dois embriões em estágio mais avançado (Outubro). As variações na concentração sérica de estradiol, a presença de folículos antrais nos períodos de gravidez e lactação, e a presença de fêmeas lactantes e grávidas concomitantemente sugerem a ocorrência de estro pós-parto na espécie. Portanto, os resultados obtidos nesse trabalho demonstram a variação morfológica dos órgãos reprodutivos entre espécies de morcegos simpátricas, em especial, as espécies A. planirostris e E. furinalis, bem como a complexidade da morfologia e do controle hormonal da reprodução em E. furinalis