Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Borges, Cibele dos Santos [UNESP] |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/11449/148800
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Resumo: |
A betametasona é o corticosteroide de escolha para o amadurecimento pulmonar fetal diminuindo a incidência de síndrome de angústia respiratória e mortalidade neonatal. Estudos realizados em parceria com o nosso laboratório demonstraram que a exposição pré-natal a este fármaco promoveu alterações nas concentrações de testosterona e parâmetros espermáticos da prole masculina de ratos. Recentemente, efeitos sobre o eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal foram observados por gerações. Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos nos parâmetros reprodutivos da prole feminina e masculina de ratos, provocados pela exposição in utero à betametasona. Para tanto, ratas Wistar prenhes foram alocadas em grupo controle (n=11) e tratado (n=13) com 0,1mg/kg de betametasona, via intramuscular, nos dias gestacionais 12, 13, 18 e 19. No experimento 1, foram avaliados: no dia pós-natal (DPN) 1 o peso inicial e a distância ano-genital da prole feminina, a partir do DPN 30, a instalação da puberdade, e a partir do DPN 70, a ciclicidade estral. No DPN 85, procedeu-se a eutanásia de uma fêmea em estro, e foram coletados uma alíquota de sangue para a determinação das concentrações hormonais e os órgãos reprodutores para pesagem. Ovário e útero foram fixados para análise histológica e morfométrica. No DPN 90 foi realizado comportamento sexual seguido de teste de fertilidade e no DPN 95 um segmento uterino de uma fêmea em estro por ninhada foi utilizado para a reatividade farmacológica. No experimento 2, foram avaliados: o consumo de ração e ganho de peso materno durante o tratamento, o peso inicial e a distância ano-genital da prole masculina no DPN 1, a instalação da puberdade a partir do DPN 30. No DPN 45 e no DPN110 procedeu-se a eutanásia de um animal de cada ninhada e foram coletados uma alíquota de sangue para a determinação das concentrações hormonais e os órgãos reprodutores para pesagem. O testículo foi fixado em Bouin e analisado para histologia, morfometria e imunohistoquímica para proteínas Cx43 e PCNA. No DPN 90, um animal de cada ninhada foi utilizado para a realização do teste de fertilidade natural. No experimento 3, dois machos da F1 foram separados e utilizados para a obtenção dos seguintes parâmetros: um animal de cada ninhada no DPN 90 foi utilizado para a realização do teste de comportamento sexual, e após 30 dias de recuperação procedeu-se a eutanásia dos animais e uma alíquota de sangue foi obtida para a determinação das concentrações hormonais e os órgãos reprodutores para pesagem. O testículo esquerdo teve a túnica albugínea removida e foi utilizado para a determinação da produção diária espermática. O epidídimo esquerdo foi utilizado para a determinação dos parâmetros espermáticos (contagem, motilidade e morfologia) assim como para o teste de fertilidade por meio da inseminação artificial in utero. O outro animal foi eutanasiado no DPN 120 e direcionado para os testes de reatividade farmacológica das glândulas sexuais acessórias. No experimento 4, um filhote macho de cada ninhada da F1 foi utilizado para acasalar com fêmeas não tratadas para a obtenção da segunda geração (F2). A prole obtida da F2 foi avaliada quanto os mesmos parâmetros descritos nos experimentos 2 e 3. No experimento 5, os epidídimos direito dos animais tanto da F1 quanto da F2, no DPN 45 e 110, foram coletados e processados para histopatologia, imunomarcação para proteína Cx43 e p63 e estereologia, e o epidídimo esquerdo para reatividade farmacológica. A exposição in utero à betametasona promoveu uma redução no consumo de ração e no ganho de peso materno durante o tratamento. Na prole feminina foram observados: redução do peso da ninhada ao nascimento, atraso na instalação da puberdade, redução no número de estros, aumento do peso uterino, nas concentrações de LH, comprimento do ciclo estral, na contratilidade uterina e na área do miométrio. Em contrapartida, houve uma redução nas concentrações de FSH, no quociente de lordoses, na área endometrial e na fertilidade das ratas adultas. Na prole masculina da F1, foram observados redução do peso inicial ao nascimento, atraso na instalação da puberdade, redução das concentrações de testosterona no DPN 45, aumento do peso gonadal e alteração no padrão de organização das células de Sertoli e germinativas (DPN 45 e DPN 110). A produção diária espermática foi significativamente reduzida, assim como o diâmetro dos túbulos seminíferos, além da alteração na dinâmica da espermatogênese. No epidídimo foi observado um atraso na diferenciação das células do epitélio (DPN 45), redução da densidade volumétrica do epitélio, aumento no número de espermatozoides imóveis e malformados e alteração na expressão das proteínas Cx43 e p63. O teste de contratilidade das glândulas sexuais acessórias monstrou um aumento na atividade contrátil da vesícula seminal, cujo peso absoluto foi reduzido. Os testes de fertilidade revelaram redução no potencial fértil dos animais expostos à betametasona, tanto pelo acasalamento natural quanto pela inseminação artificial in utero. Na F2, ocorreu um padrão similar de alterações sobre o desenvolvimento sexual da prole masculina: redução do peso ao nascimento, atraso na instalação da puberdade e aumento no peso dos testículos. Além disso, foi observada redução no peso da vesícula seminal, assim como na sua atividade contrátil. As concentrações hormonais foram reduzidas para FSH e aumentadas para LH. Foi observada redução no volume das células de Leydig, redução na produção espermática, atraso na diferenciação celular do epitélio epididimário, alteração na expressão de Cx43, e redução no número de espermatozoides móveis e normais. Houve redução da frequência ejaculatória e de fertilidade. Diante do exposto, concluiu-se que a exposição de ratos à betametasona, em períodos críticos do desenvolvimento intrauterino promoveu uma reprogramação reprodutiva multigeracional. Do ponto de vista translacional estes resultados alertam para possíveis riscos reprodutivos da exposição pré-natal aos glicocorticoides na terapia antenatal. |