A narração de si e do outro em Outros Cantos, de Maria Valéria Rezende

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Tadeu, Laura Saconato
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/253165
Resumo: A valorização de perspectivas e temáticas anteriormente pouco validadas pelo cânone literário nacional é uma tendência recorrente em parte do conjunto ficcional contemporâneo. A adoção de algumas estruturas narrativas, como voz e focalização, pode permitir a construção de obras que reconhecem olhares não-hegemônicos e a necessidade de representação daqueles que vivenciaram situações traumáticas ou de marginalização. Maria Valéria Rezende é uma das escritoras que está alinhada a essa proposta, uma vez que seu projeto literário focaliza sujeitos socialmente marginalizados. Em seu romance Outros Cantos (2016), objeto de análise desta dissertação, a narradora Maria intercala dois planos temporais: o presente da narração, em que se desloca pelo sertão em um ônibus, e o presente dos fatos narrados, composto por rememorações de viagens anteriores, especialmente a que permaneceu por um tempo na comunidade sertaneja de Olho d’Água. Na obra, o ato de narrar assume papel de destaque por ser um dos recursos utilizados para instaurar um vínculo de pertencimento da protagonista com os sujeitos do povoado. Assim, eles se reúnem todas as noites para trocar narrativas, dando a oportunidade de os sertanejos compartilharem suas experiências de trânsito e permanência naquele espaço. Maria incorpora essas histórias ao seu relato, instaurando novos níveis narrativos e tornando a fabulação um elemento presente tematicamente e estruturalmente no romance. Diante disso, o objetivo deste trabalho é analisar a maneira como tal incorporação confere significados à narração de si e do outro por meio do uso de estratégias como o encaixamento e a concessão de voz. Busca-se compreender os efeitos de sentido produzidos na malha literária a partir da escolha de quem narra e dos valores empregados no discurso, considerando suas implicações subjetivas e sociais. Para isso, são mobilizados textos teóricos que permitem uma reflexão tanto do âmbito estético quanto ético, a fim de refletir sobre as limitações e potencialidades do uso da palavra, a autoridade narrativa e a adoção de olhares não hegemônicos, que contemplam rastros, restos e discursos de sertanejos que vivenciaram situações de marginalização econômica e social.