Análise de custo efetividade do tratamento antifúngico empírico de pacientes oncológicos com neutropenia febril

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Maza, Lariza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/217514
Resumo: A neutropenia febril (NF) é uma complicação comum em pacientes com câncer submetidos à quimioterapia. Entre as causas de NF encontram-se as infecções fúngica inasivas (IFI), cujo diagnóstico representa um grande desafio na atualidade, pois os métodos clássicos têm baixa sensibilidade e elevado tempo para obtenção do resultado e a pesquisa de biomarcadores ainda são restritas no Brasil devido a limitação de recursos na saúde pública. Desta forma, a terapia antifúngica empírica é a principal forma de manejo clínico da NF na maioria dos hospitais e o fluconazol, por seu baixo custo direto, é o antifúngico mais utilizado. No entanto, evidências mais recentes trazem que as equinocandinas tem efetividade superior. Com o objetivo de avaliar a incorporação desta classe de antifúngicos no tratamento empírico da NF no sistema público de saúde do Brasil, foi conduzido um estudo de custo-efetividade comparando fluconazol e micafungina em uma coorte retrospectiva de 106 pacientes com diagnóstico de câncer submetidos a quimioterapia, internados em um hospital público da cidade de Bauru, interior do Estado de São Paulo, Brasil, no período de 01 de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2020. O estudo foi realizado sob as perspectivas do hospital e do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil e utilizado um horizonte temporal de um ano. Dois cenários clínicos foram avaliados: 1) pacientes com contagem de neutrófilos periféricos menor ou igual a 500 células/mm³ e uso de antibióticos de amplo espectro por ao menos quatro dias (cenário clínico 1); 2) um subgrupo do cenário clínico 1, com maior risco de IFI, formado por pacientes que apresentavam NF com duração mínima de 7 dias (cenário clínico 2). A efetividade do tratamento antifúngico foi medida pelo sucesso terapêutico, caracterizado pela obtenção de cinco quesitos: 1) sobrevida de sete dias após o término do tratamento; 2) ausência de nova IFI neste período; 3) resolução da IFI inicial quando diagnosticada; 4) resolução da febre; 5) não descontinuação prematura do antifúngico por toxicidade ou falta de eficácia. Adotou-se a árvore de decisão como modelo analítico com cálculo da razão incremental de custo-efetividade (RCEI) e análise de sensibilidade. No cenário clínico 1, não se observou diferença de efetividade do tratamento com micafungina versus fluconazol (61,1 vs 45,5%, p=0,22) ao contrário do observado no cenário clínico 2, em que a micafungina foi mais efetiva (71,4 vs 36,1%, p=0,01). A micafungina foi mais efetiva que o fluconazol nos casos em que IFI foi confirmada tanto no cenário clínico 1 (100,0 vs 30,7%, p<0,01) quanto no 2 (100,0 vs 23,5%, p=0,01). Na perspectiva do hospital, a RCEI para micafungina obtida no cenário clínico 1 foi de 25.514,55 R$/sucesso terapêutico (–3.655,22 – 658.255,14) e no 2 de 2.093,51 R$/sucesso terapêutico (–2.335,15 a 504.962,14). Na perspectiva do SUS, a RCEI para micafungina foi de 27.821,28 R$/sucesso terapêutico (–8.312,86 – 634.481,42) no cenário clínico 1 e de 5.499,57 R$/sucesso terapêutico (–6.794,75 – 309.968,85) no cenário 2. Este estudo demonstra que a micafungina pode ser custo-efetiva, considerando a disposição a pagar pelo sistema público de saúde do Brasil, principalmente em pacientes com neutropenia e febre por ao menos sete dias.