Performatividade e constituição da identidade no filme "Mulher-Maravilha"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Souza, Carla Araujo de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/213629
Resumo: O conceito de identidade vem sendo amplamente debatido visto que, com a advento da pós- modernidade, as velhas identidades, consideradas anteriormente como imutáveis, se encontram em declínio. Construir identidades supõe demarcar fronteiras e travar disputas quanto a forma de representá-las nas instâncias sociais. Na medida em que a construção da identidade personifica um processo de normalização, unificador e assimilacionista, traz uma relação de poder. A identidade não é apenas questão pessoal, é histórica e política. Assim, a linguagem é um dos lugares onde as identidades e, a partir de agora marcaremos em nosso discurso a identidade de gênero, vivem, expressam-se, produzem-se e são produzidas, também é o lugar onde se educa. Filmes, músicas, propagandas, livros, revistas, imagens são locais pedagógicos que estão a nos dizer que não percebemos como somos capturados e produzidos pelo que lá se diz. Entendemos que os padrões de gênero e sexualidade sofrem manutenção a partir da repetição performática de atos, gestos e signos no âmbito cultural. Assim a presente investigação tem como cerne a seguinte questão de pesquisa: Como o feminino é representado na narrativa do filme “Mulher-Maravilha”? A escolha do filme “Mulher-Maravilha” se deu pois é a primeira narrativa fílmica a trazer uma super-heroína como protagonista solo, e pela criação da personagem nas histórias em quadrinhos e suas transformações de personalidade de acordo com as mudanças socioculturais, perpassando pela Segunda Guerra Mundial, e também pelos impactos sociais das sucessivas ondas do feminismo. Na tentativa de responder à pergunta de pesquisa, delineamos o seguinte objetivo: analisar a representação do feminino no longa metragem “Mulher-Maravilha”. A análise se dá à luz de teóricas e teóricos pós-estruturalistas, como Judith Butler e Stuart Hall, utilizando como metodologia para análise do corpus fílmico, a Análise Textual Discursiva, que se configura como um processo que visa à emersão de compreensões sobre o material em análise por meio de uma sequência recursiva. A película fora fragmentada em 137 cenas, das quais 28 foram selecionadas e distribuídas em três categorias, sendo elas: comportamentos e estereótipos; contexto histórico e sujeitos masculinos. As cenas foram analisadas a partir da conceituação de performatividade de gênero e também da construção identitária a partir das representações. A partir dos resultados da análise fílmica, foi construído um metatexto de ressignificação da narrativa a partir das análises das cenas onde foi possível elencar uma compreensão crítica voltada para a representação da mulher, os estereótipos que ali são reforçados, por vezes de forma sutil, desvelando como essas representações auxiliam na manutenção do status quo em uma sociedade patriarcal, machista e violenta. Por fim, considera-se então que o filme “Mulher-Maravilha” é uma obra rica em detalhes e aspectos relativos à identidade de gênero e que pode ser utilizado em sala de aula com o intuito de suscitar um debate das construções sociais do gênero com alunos do ensino fundamental (anos finais) e ensino médio.