A interdisciplinaridade nas Licenciaturas em Ciências Biológicas do Instituto Federal de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Lorenzi, Carla Cristina Biazi [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/295960
Resumo: A interdisciplinaridade começou a ser objeto de investigação no Brasil a partir da década de 1970. No entanto, foi somente nos anos 1990, com a incorporação desse conceito nas diretrizes curriculares nacionais, que ela se consolidou como um eixo articulador da educação no país. Implementá-la no contexto escolar representa um desafio, já que os cursos voltados para a formação de professores têm seus currículos organizados em disciplinas que não coadunam e os egressos de tais cursos acabam reproduzindo esse modelo em suas práticas pedagógicas. O propósito desta pesquisa foi investigar os espaços para a interdisciplinaridade nas Licenciaturas em Ciências Biológicas (LCBs) do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), a partir da análise documental dos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs). Os dados coletados foram discutidos à luz dos conceitos de Basil Bernstein, Hilton Japiassu, Ivani Fazenda, Olga Pombo, Jurjo Torres Santomé, Gimeno Sacristán, entre outros. Nossas análises dividiram-se em duas etapas para cada um dos quatro PPCs. A primeira, focada nos itens perfil do egresso, objetivos do curso, organização curricular e metodologia, teve como finalidade compreender como os documentos expressam a interdisciplinaridade e que importância lhe incumbe na formação dos alunos. A segunda, focada na análise dos planos de ensino e categorização dos componentes curriculares, buscou os possíveis espaços para a prática interdisciplinar nos currículos. Os resultados mostraram que, apesar de enfatizarem a importância da interdisciplinaridade na formação dos estudantes, os documentos não apresentam uma definição explícita sobre ela, nem oferecem um referencial teórico para alicerçar sua compreensão. As integrações detectadas entre os componentes curriculares foram pontuais, mostrando que o diálogo entre os diferentes campos do saber é incipiente, ao menos do ponto de vista desta análise documental. Além disso, mesmo existindo essas possíveis interconexões temáticas entre os componentes curriculares, poucas delas podem ser materializadas, já que a distribuição em semestres distintos dos respectivos componentes, não ampara o trabalho coletivo entre os docentes. Assim, podemos inferir que esses cursos possuem currículos lineares ou do tipo coleção, nos quais os componentes apresentam fronteiras bem delimitadas, sem preocupações com articulações interdisciplinares, estão dispostos sequencialmente e há uma nítida distinção entre teoria e prática e entre formação específica e pedagógica. As fragilidades detectadas nos documentos e que obstaculizam a implementação da interdisciplinaridade nos cursos referem-se à ausência de elaboração coletiva dos documentos, que dificulta a visualização das várias relações entre os componentes curriculares; à fundamentação teórica insuficiente sobre a temática, que acarreta uma superficialidade conceitual nos documentos; aos problemas de organização dos componentes na matriz curricular, que não favorece o planejamento conjunto de atividades pelos docentes. Se os documentos que orientam essas licenciaturas não oferecem condições favoráveis para a implementação da interdisciplinaridade, torna-se ainda mais desafiador concebê-la de forma efetiva na prática docente.