Resumo: |
A aquicultura é uma atividade que vem se intensificando nos últimos anos e, por conseguinte a produção mundial de pescado. Neste contexto, manejos inerentes da piscicultura intensiva afetam a homeostasia dos peixes, desencadeiam respostas de estresse, imunossupressão e suscetibilidade às infecções parasitárias e bacterianas. O presente estudo avaliou a ação do cloridrato de levamisol (CL) no estresse e imunidade inata do tambaqui (Colossoma macropomum), e também como anti-helmíntico, em dois experimentos. No Exp. 1, os peixes tinham 131,9 ± 42,58 g e 15,48 ± 1,37 cm, com alta infecção parasitária por Neoechornhynchus buttnerae (Acanthocephala). No Exp. 2, os peixes tinham 188,56 ± 70,92 g e 17,00 ± 2,07 cm e baixa infecção parasitária do mesmo parasito. Os peixes foram alimentados durante 15 e 30 dias com dietas suplementadas com 100 (T1), 300 (T2) e 500 (T3) mg kg-1 de CL e um grupo controle (T0) sem adição de CL. No Exp. 2, os peixes alimentados por 30 dias foram submetidos à exposição aérea. Os peixes de ambos experimentos foram eutanasiados com dose excessiva de anestésico após as amostragens de sangue e os intestinos removidos para análise parasitológica, no início e final do experimento, para determinação do grau de infecção. Foram determinados indicadores de estresse (cortisol e glicose plasmáticos) e do sistema imune inato (atividade hemolítica de proteínas do sistema complemento - via alternativa - ACH50 no soro). Observamos que os peixes do Exp. 1 estavam com carga parasitária maior. O CL não influenciou o perfil da concentração plasmática de glicose ao longo das amostragens em ambos os experimentos. Em relação ao cortisol, no Exp. 1, o CL, nas 3 concentrações testadas, reduziu os níveis do hormônio após 15 dias de administração. Já no Exp. 2, com peixes menos infectados, após 15 e 30 dias, não observamos efeito do CL nos níveis de cortisol circulante. Uma hora após a exposição aérea dos peixes, as concentrações de cortisol aumentaram, de modo geral, mas o aumento maior foi observado nos peixes que receberam 500 mg kg-1 de CL. O CL não interferiu na ACH50 do Exp. 1, no entanto, no Exp. 2, 24 horas após a exposição aérea dos peixes, todas as concentrações de CL foram eficientes para ativar a ACH50. Adicionalmente, a utilização de CL na dieta reduziu a intensidade da infecção pelo parasita, nos Exp. 1 e 2 (15 dias de alimentação com CL), mas não interferiu na prevalência do parasito. Após 30 dias de alimentação (Exp. 2), os peixes alimentados com 500 mg kg-1 de CL apresentaram redução da intensidade média de infecção. Concluindo, a administração oral de CL reduziu a resposta de estresse nos peixes com maior carga parasitária, ativou o sistema complemento após presença de um estressor, potenciou a resposta de estresse após exposição aérea dos peixes e como anti-helmíntico, promoveu redução na intensidade de infecção administrado por 15 dias para o tambaqui. |
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