Triagem de retinopatia da prematuridade com câmera retiniana portátil acoplada à um smartphone

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Sant'Ana, Victor Ribeiro de [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/257686
Resumo: Introdução: A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma doença vaso proliferativa multifatorial e uma das principais causas de cegueira infantil no mundo. O exame fundoscópico seriado identifica a doença, porém, exige profissionais treinados e pode causar estresse nos neonatos. As câmeras de retina são equipamentos de alta tecnologia que auxiliam na triagem da ROP. No entanto, têm alto custo, o que dificulta a sua inserção no Sistema Único de Saúde (SUS). As câmeras retinianas portáteis acopladas em smartphones são dispositivos acessíveis e de baixo custo, com grande potencial de uso na prevenção da cegueira por ROP, especialmente em países em desenvolvimento. Objetivos: avaliar a utilidade da câmera retiniana portátil acoplada a smartphone (Phelcom Eyer®), na triagem e detecção da ROP em olhos de neonatos pré-termos. Casuística e Métodos: estudo transversal, realizado no período de junho de 2022 a dezembro de 2023, com neonatos pré-termos nascidos com idade gestacional (IG) ≤ a 32 semanas e peso ao nascimento (PN) ≤ que 1500 gramas, na Unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB). Todos os neonatos foram submetidos à triagem fundoscópica, feita com oftalmoscópio binocular indireto (OBI), entre a 4a e a 6a semanas de vida, segundo as diretrizes brasileiras de triagem da ROP. Após o exame, foram feitas fotos da retina de ambos os olhos com a câmera portátil, com indentação escleral quando necessário. Todas as fotos foram obtidas pelo mesmo examinador. As imagens foram armazenadas na plataforma Eyer Cloud e depois avaliadas por um especialista em retina mascarado, quanto à qualidade da imagem e classificadas quanto à presença da doença e estadiamento. Resultados: Foram incluídos 71 neonatos pré-termo (142 olhos), sendo que 52% eram do gênero feminino. A IG média foi de 30 ± 2,8 semanas e o PN médio foi de 1258 ± 386 gramas. Foram obtidas de cada neonato, em média, 80 imagens de cinco campos: polo posterior, retina temporal, nasal, superior e inferior. O exame foi bem tolerado e demorou em média 24,76 ± 13,8 minutos. Quatorze dos 71 neonatos (19,7%) desenvolveram ROP, oito a ROP não limiar (11,3%) e seis (8,4%) a ROP grave. Três neonatos (seis olhos) foram submetidos à terapia com injeção intravítrea de 0,02 mL (0,25 mg) de ranibizumabe e três (cinco olhos) receberam terapia combinada (laser + ranibizumabe). Foram avaliadas 337 imagens digitais. A qualidade das imagens foi considerada boa em 69,1% e média, em 30,9%. A comparação entre os resultados da classificação feita pelo exame com OBI versus a análise das imagens da câmera portátil, quando não foi utilizada a indentação escleral, evidenciou sensibilidade de 82%, com intervalo de confiança (IC) de 76,2 a 82,7, especificidade de 100% (IC 100), valor preditivo positivo (VPP) de 100% e valor preditivo negativo (VPN) de 96,7%. O teste Kappa foi de 0,94%. A indentação escleral melhorou os valores de sensibilidade (91,3%, IC 86,7 a 91,4), e do VPN (98,3%). Conclusão: A câmera portátil acoplada a smartphone (Phelcom Eyer®) é uma boa ferramenta de triagem de ROP, podendo ser utilizada em teleoftalmologia, especialmente na rede pública de saúde e em locais onde não existem especialistas treinados.