A gramaticalização dos verbos “ver” e “olhar” no português falado do interior paulista: uma abordagem discursivo-funcional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Nogueira, Lua Camilo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/213456
Resumo: O objetivo desta pesquisa é analisar o processo de gramaticalização (doravante GR) dos verbos “ver” e “olhar”, buscando (i) identificar os diferentes usos dessas formas verbais; (ii) verificar os níveis e as camadas de organização da gramática em que essas formas operam, de forma a obter evidências de ordem pragmática, semântica e morfossintática que auxiliem na proposição de uma trajetória de GR em termos de mudança de conteúdo e mudança formal; (iii) investigar se é possível traçar um paralelo no tocante às trajetórias de GR dos itens verbais de maneira a identificar possíveis pontos de convergência e/ou dissonância entre os seus usos. Para tanto, adotamos como aparato teórico os estudos do processo de GR em sua concepção mais clássica (HEINE et al.,1991; TRAUGOTT, 1995, 2003; BYBEE, 2003; HOPPER; TRAUGOTT, 1993, entre outros) e o modelo da Gramática Discursivo-Funcional (doravante GDF), de Hengeveld e Mackenzie (2008). Os resultados apontam para a existência de uma trajetória de GR que se inicia nas camadas mais baixas do Nível Representacional e ruma, sucessivamente, das camadas mais baixas para as camadas mais altas do Nível Interpessoal, com mudanças que afetam tanto o estatuto semântico e pragmático quanto o estatuto formal (morfossintático e fonológico) desses itens, uma vez que se observa uma movimentação que vai de lexema (item pleno de conteúdo) > operador lexical (itens híbridos) > operador (itens gramaticais/funções) (HENGEVELD, 2017). Como esperado, os itens verbais examinados não realizam o percurso inverso de mudança, ou seja, para camadas anteriores ao ponto de partida do processo de GR, conforme alegam Hengeveld (2017), Barreto e Souza (2016), Dall’Aglio-Hattnher e Hengeveld (2016), Fontes (2016) e Hengeveld; Narrog; Olbertz (2017). Além disso, verifica-se que, ao comparar os trajetos seguidos pelos dois verbos, “olhar” encontra-se mais gramaticalizado do que “ver”, visto que é mais frequente e mais produtivo em contextos interacionais-discursivos.