Decisões performáticas em ambiente de sala de aula: escalas configurando agentividades- e identidades-em-interação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Citó, Parmênio Camurça [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/192318
Resumo: Esta pesquisa analisou dinâmicas interacionais em ambiente de sala de aula de inglês língua adicional (ILA), com 28 participantes (incluindo a mim). Buscou-se compreender como esses participantes performaram agentividades e identidades na interação nessa sala de aula. Por meio de uma Abordagem de escalas-em-ação, relacionaram-se elementos de escalas locais e translocais em alinhamentos dos agentes nas agentividades e nas identidades performadas em decisões performáticas na ação-social-em-interação. Para a Abordagem de escalas-em-ação, utilizaram-se pressupostos da Análise da Conversa Etnometodológica (GARFINKEL; GARCEZ; GOFFMAN; SCHEGLOFF) e da Abordagem de Escalas Sociolinguísticas (BLOMMAERT; CANAGARAJAH) na explicação da relação entre agentividades e identidades e elementos (multi) culturais como recursos de indiciação às agentividades- e às identidades-em-interação. Com essa complementaridade teórico-metodológica, pretendeu-se uma abordagem sobre a ordem interacional da comunicação intersubjetiva, ao mesmo tempo que se tentou demonstrar um caráter dialógico (BAKHTIN; BLOMMAERT; CANAGARAJAH) na conformação dos recursos de indiciação nas decisões performáticas orientadas à presença de dispositivos de gravação. A partir da noção de enquadre (BATESON), escalas locais e translocais são entendidas, na qualidade de modo de comportamento comunicativo (ideológico), como conjuntos de regras metalinguísticas e metacognitivas que delimitam a construção de sentidos do que é dito e feito pelos agentes. Sob a perspectiva dialógica da ação comunicativa, as escalas são compreendidas como inseparáveis. Para as escalas locais, tomaram-se os conjuntos de regras acionadas no espaçotempo da açãosocial- em-interação. Para as escalas translocais, tomaram-se os conjuntos de regras para além do espaçotempo da ação interacional. Os alinhamentos-em-interação dos agentes foram tomados como os modos de estes direcionarem suas decisões, por meio de turnos-em-interação multimodais (MONDADA). Sob uma perspectiva de ação interativa como comunicação multimodal (KRESS), alinhamentos e turnos foram percebidos quando do acionamento de um ou mais aspectos da interação – fala, olhar, postura corporal etc. –, com efeito comunicativo, entendido como marcador de mudança no padrão da ‘ordem interacional da comunicação intersubjetiva’ (GOFFMAN). Alinhamentos- e turnos-em-interação marcadores de efeitos da presença dos dispositivos foram objeto para a análise das decisões performáticas. Estes dispositivos foram tomados como artefatos, segundo o conceito de semiotização de artefatos (LEMKE). Observou-se um aspecto semiótico no valor orientacional indicial atribuído à presença dos artefatos. A conformação do valor orientacional indicial considera elementos de naturezas vigilante (panoptcismo em FOUCAULT) e ambivalente (anomia em DURKHEIM) associados a essa presença. A análise apontou alinhamentos orientados a observadores copresentes mediados pela presença dos artefatos (RAMPTON e ELEY). Conforme componentes dos alinhamentos- e dos turnos-em-interação, verificou-se um componente estratégico nas decisões performáticas de dois tipos: de resistência a relações de poder hegemônicas (FOUCAULT) e de cuidado com a imagem captada (BLOMMAERT; LI e BLOMMAERT). Observou-se que a presença dos artefatos teve efeitos supranormativos nos alinhamentos dos participantes, sobrepondo outras normatividades relacionadas à comunicação pedagógica e revelando uma ‘desestabilização’ de relações naturalizadas em relação a papéis e a práticas discursivas no ambiente da sala de aula. Com a Abordagem de escalas-em-ação, almeja-se a projeção de novos insights teóricos e metodológicos para o estudo de agentividades- e de identidades-em-interação em ambiente de fala institucional de sala de aula ou para além.