Vulnerabilidade da Mesorregião Oriental do Tocantins a eventos de seca

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Kazmierczak, Marcos Leandro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/252942
Resumo: O agronegócio é crucial ao desenvolvimento econômico do país, e com a óbvia vulnerabilidade do setor, é imperativo analisar o impacto das mudanças climáticas, pois o suprimento hídrico é, em sua quase totalidade, oriundo das chuvas, e efeitos adversos sobre sua distribuição espacial/temporal são críticos. Secas severas e extremas impactam não apenas o agronegócio, mas a sociedade, o meio ambiente e a economia, e com uma abordagem multifatorial identificou-se as áreas de maior Vulnerabilidade de Seca Agrícola na Mesorregião Oriental do Tocantins, parte do MATOPIBA, que tornou-se um dos maiores polos de expansão agrícola nas últimas décadas. Utilizando indicadores geoambientais (Precipitação, Geomorfometria, Solos, Uso do Solo e Estado de Saúde da Vegetação), avaliou-se o grau de vulnerabilidade de seca no período 1989-2018 e os impactos sobre o agronegócio ali existente. A sazonalidade e as alterações do regime de distribuição de chuvas, a dinâmica do uso do solo e do estado de saúde da vegetação, reflexo destes dois primeiros indicadores, estão influenciando a vulnerabilidade de seca na MOT. O indicador de Precipitação mostra uma redução de 5,28% no volume de chuva anual (α = 0,05), na Estação Chuvosa (-4,54%) e na Estação Seca (-14,81%): em todos os meses do ano, o percentual médio de anomalias negativas de precipitação foi superior ao de positivas. O indicador de Geomorfometria revela que 4,15% da área apresenta Vulnerabilidade “Alta“/”Muito Alta“, enquanto o indicador de Solos indica que predominam as classes “Muito Alta”/”Alta” (72,61% da área). O indicador de Uso do Solo ressalta uma redução expressiva da vegetação nativa remanescente, convertida em pastagem e culturas agrícolas, e o indicador do Estado de Saúde da Vegetação aponta que todos os tipos (magnitude) de seca tornaram-se mais frequentes, notadamente na última década analisada. Os resultados realçam que os Índices de Vulnerabilidade de Seca “Alto”/”Muito Alto” atingem 25.018 imóveis (71,66% dos imóveis e 28,3% da área da MOT), impactando, em 2018, 3,4 milhões de hectares, ou 65,8% dos imóveis produtores de soja e 75,0% dos imóveis produtores de gado. Ficou comprovado o crescimento gradual da ocorrência de Secas Extremas, Severas e Total de Secas, e que as perspectivas de mudanças na Precipitação, no Uso do Solo e no Estado de Saúde da Vegetação devem se refletir no crescimento da Vulnerabilidade de Seca, com a possibilidade de impactar as safras agrícolas, a produtividade da pecuária e a redução da atividade fotossintética, o que pode afetar ou inviabilizar uma segunda safra, prática adotada em todo o país há muitos anos. Associados à falta de governança, traduzida pela incapacidade de reduzir o risco e de criar medidas de adaptação a estes eventos, há tendência de sérias consequências para os meios de subsistência (impacto social) e para a produção de larga escala (impacto econômico), para o ambiente e para as pessoas direta e indiretamente atingidas, pois as mudanças climáticas serão as principais ameaças sociais das próximas décadas, juntamente com as questões de degradação do solo e de conversão de áreas de vegetação remanescente para fins de produção de commodities.