Saberes de resistência, identidades e pertencimentos no sul do Brasil: modos de ser e viver nas narrativas de quilombolas da Comunidade de Palmas (Bagé, RS)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Jacinto, Luis César Rodrigues
Orientador(a): Dornelles, Clara Zeni Camargo
Banca de defesa: Dornelles, Clara Zeni Camargo, Freitas, Letícia Fonseca Richthofen de, Salomão , Diana de Paula Freitas, Machado, Sátira Pereira
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pampa
Programa de Pós-Graduação: Mestrado Acadêmico em Ensino
Departamento: Campus Bagé
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://dspace.unipampa.edu.br:8080/jspui/handle/riu/4748
Resumo: Esta dissertação buscou compreender como se constrói a identidade quilombola e o que nos ensina a comunidade quilombola de Palmas a partir de narrativas sobre a sua constituição. A comunidade é formada por negros descendentes de escravizados da região, informação registrada no laudo sócio, histórico e antropológico, marcada no decorrer da sua história por movimentos de resistência pela dignidade e pela sobrevivência e, na atualidade, pela luta pela garantia da posse de suas terras. A partir das narrativas dos participantes, procurei compreender quais saberes foram construídos na trajetória da comunidade, as identidades que emergiram e o pertencimento dos moradores quilombolas. Para compor cientificamente esta pesquisa, decidi pela abordagem de cunho qualitativa Chizotti (2006) e a perspectiva da Linguística Aplicada indisciplinar (MOITA LOPES, 1998, 2006; CAVALCANTI, 1986, 2006). Utilizei como percurso metodológico para a geração de dados a pesquisa narrativa, seguindo as orientações de Clandinin e Connelly (2015), Toledo, Soligo e Simas (2014) e Jovchelovitch e Bauer (2015), que nortearam o percurso metodológico para a pesquisa narrativa e a entrevista narrativa para geração e produção de dados na perspectiva das narrativas tridimensionais. Também fiz uso de dados documentais para expandir as narrativas dos participantes. Para compreender o contexto da constituição das comunidades quilombolas no país, apoiei-me em Moura (2001), Munanga (2001) e Maestri (2001); para o conceito de identidade, identidade cultural e diáspora, em Hall (2003, 2005); Munanga (1994, 2005, 2006) e Gomes (2006); para tratar do conceito de comunidade, em Bauman (2001, 2003); e de globalização, em Santos (2010). Os resultados da pesquisa mostram que a identidade quilombola está em construção em meio a conflitos e disputas territoriais. As narrativas sobre o processo de constituição da identidade quilombola constituem um saber de resistência, que provém da necessidade de auto-reconhecimento e auto-definição, pois o ato de se reconhecer e se determinar quilombola, e a organização comunitária são saberes relevantes para a postura de resistência assumida. O pertencimento, por sua vez, se relaciona à escolha por não abdicar das relações que caracterizam a identificação com este contexto social e cultural. Ao tomarem conhecimento e renarrarem a luta, os participantes da pesquisa constituem saberes que proporcionam o conhecimento de si, denominados nesta pesquisa de saberes de resistência. Ao narrarem suas trajetórias de luta pela terra, os participantes se reconhecem como quilombolas, o que fortalece o vínculo comunitário.