Relações entre racionalidades na gestão organizacional: um estudo de caso em uma instituição de ensino superior (IES) em Curitiba

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Alves, Elizeu Barroso lattes
Orientador(a): Oliveira, Samir Adamoglu de lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Positivo
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Administração
Departamento: Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/3029
Resumo: O estudo teve como premissa a manifestação conflituosa entre racionalidades no discurso organizacional, entendida à luz da teoria de Guerreiro Ramos, posteriormente desenvolvida por diversos autores de racionalidade. Nosso entendimento de racionalidade, baseada em Ramos (1989), é a racionalidade instrumental como uma ação baseada no cálculo, cuja qualidade e conteúdo são inerentes, e suas ações são orientadas para alcance de metas técnicas ou finalidades ligadas a interesses econômicos com fins almejados, preestabelecidos e distanciado de uma noção ético-valorativa, e em contraponto, a racionalidade substantiva é entendida como atributo natural do ser humano, visto que reside na psique humana e é a partir dela que os indivíduos buscam conduzir sua vida pessoal na direção da autorealização e do autodesenvolvimento. O objetivo do estudo consistiu em analisar como ocorre a relação entre a racionalidade instrumental e a racionalidade substantiva na prática discursiva organizacional de uma instituição de ensino superior privada (IES). Outra questão é como tais racionalidades são compreendidas dentro dos aspectos valorativos educacionais. Complementarmente à questão das racionalidades, o prisma da contradição discursiva de Fairclough (2001), e a concepção de poder simbólico – em sua orientação linguística – de Bourdieu (1996; 2005) foram articulados, de modo a abordar como o uso do poder se manifesta nessa relação, diante dos conflitos racionais. De abordagem qualitativa, o delineamento do estudo foi descritivo, realizando um estudo de caso em uma IES da cidade de Curitiba (PR), seguindo corte seccional, com dados coletados através de entrevistas, triangulados com observação participante e análise documental. Combinou-se a análise de conteúdo de Bardin (2010) e a análise crítica do discurso de Fairclough (2001), operacionalizadas a partir dos mapas de associação de ideias de Spink e Lima (2000). Foram selecionados e analisados os seguintes processos organizacionais derivados do modelo de Serva (1996): (i) Valores e objetivos; (ii) tomada de decisão; (iii) controle; e (iv) conflitos. A escolha destes se deu pela lógica de que, nesses tópicos, existe uma pré-disposição para se analisar a relação racional que aqui interessa, já que os valores e objetivos são o marco zero de todas as organizações; assim, para mantê-los e alcança-los, eles passam por decisões e controles que irão condicionar os conflitos e suas resoluções. Os dados permitiram identificar como se dá a ocorrência de tais racionalidades que estão em caminhos opostos, e sua coexistência se intricando em conflitos. Evidencia-se como o poder pode – e é usado – para conter, silenciar, gerenciar ou controlar tais conflitos de ações racionais. Concluímos que tal relação ocorre de maneira a fazer coexistir as duas racionalidades; porém, o uso de poder simbólico ocorre para garantir a solução de conflitos racionais de modo a fazer com que a razão instrumental seja mascarada, dando a falsa sensação de uma inclinação para a razão substantiva, por meio de práticas discursivas contextualmente reproduzidas, e assim, gerando assim o silenciamento os aspectos valorativos educacionais. Os resultados indicam a possibilidade de novas discussões sobre como podem ocorrer tais relações em organizações de mercado, tal como novos estudos no campo da educação superior no Brasil.