A dimensão cultural como construção social incorporada: um estudo na prática de secretariado executivo da Sicredi do oeste paranaense

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Bíscoli, Fabiana Regina Veloso lattes
Orientador(a): Bulgacov, Yára Lúcia Mazziotti lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Positivo
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Administração
Departamento: Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/1995
Resumo: Compreender a realidade social sempre foi objetivo dos estudos acadêmicos. Com o advento da Modernidade as organizações tornaram-se o cerne da vida social. Por isso a aproximação dos Estudos Organizacionais com os Estudos Sociais tem proporcionado a construção de teorias capazes de explicar as relações que inserem as práticas organizacionais no processo de organização social. É a partir da teoria da prática de organização de Silvia Gherardi que esta pesquisa buscou compreender a dimensão cultural como construção social incorporada na prática de secretariado executivo da Sicredi do oeste paranaense. O objetivo foi constituir uma proposta teórica de estudo cultural na perspectiva construcionista social inserindo sujeito e objeto na construção social da realidade. Um processo negociado que resgata construções passadas, transformando-as continuamente a partir da reflexão ou da simples reprodução na ocorrência situada de uma nova ação prática. A dimensão cultural é apresentada como construção social negociada que incorpora significados de modo que os sujeitos percebem, classificam, julgam e agem no cotidiano com base nessas construções. Os corpos demonstram um conhecimento significativo quando o sujeito, no contexto da prática, fala, silencia, olha, ouve e se posiciona moral e eticamente no cotidiano. Quando os corpos sentem angústia, euforia, alegria, ressentimento e outras emoções revelam significados sobre a prática. Este estudo recorreu à abordagem qualitativa adotando a postura pós-interpretativista que propiciou ao pesquisador e ao pesquisado refletir sobre as descobertas da pesquisa. Foi realizada a análise histórica do objeto de estudo, a análise interpretativa da prática situada e a análise social desta prática nas suas condições de produção, reprodução e transformação social. Deste modo, foi possível demonstrar os significados incorporados que expressam o sentido prático de ser secretária na Sicredi. Como ressonância de construções passadas observou-se a reprodução de significados socialmente concebidos, como a estreita ligação com as pessoas de maior autoridade hierárquica das organizações, o reforço da imagem feminina no contexto da prática de secretariado, a representação de mediação de relações entre superiores e subordinados, a conexão com a responsabilidade pelo controle e sigilo de informações. Por outro lado, na perspectiva das praticantes, pode-se notar que a transformação da histórica segregação feminina está em construção na Sicredi. Isso significa que a atuação das secretárias deste contexto incorpora ações mais significativas e relevantes no contexto da organização, por elas configuradas como “ações mais estratégicas”, o que lhes confere poder e status. Assim, o sigilo e a responsabilidade pelo controle de acesso às informações e aos executivos a quem assessoram é um significado que atribui um status social às secretárias. Este complexo conjunto de significados incorporados são notados no modo de falar, ouvir, vestir e agir no contexto da prática. As secretárias executivas são as pessoas de confiança na organização, são uma referência a quem todos os funcionários recorrem para obter informações e resolver problemas. Neste sentido também são mediadoras de relacionamentos e de práticas organizacionais. Assim, acredita-se ter sido possível compreender o processo de construção cultural incorporada nas suas mediações relacionais, históricas, discursivas, éticas, estéticas e materiais. E com isso demonstrouse o modo como as práticas situadas conectam-se com a realidade social, reproduzindo e transformando concepções socialmente construídas.