Acoplamento visuomotor no controle postural de pessoas com doença de Parkinson

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Cruz, Caio Ferraz lattes
Orientador(a): Barela, José Angelo lattes
Banca de defesa: Barela, José Angelo lattes, Barela, Ana Maria Forti lattes, Pires, Adriana Cristina Levada lattes, Barbieri, Fabio Augusto lattes, Doná, Flavia lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Cruzeiro do Sul
Programa de Pós-Graduação: Doutorado Interdisciplinar em Ciências da Saúde
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/272
Resumo: A doença de Parkinson (DP) acarreta dificuldades no controle dos movimentos, devido a alterações nos sistemas motor e sensorial, tendo sido sugerido que pessoas com DP têm uma dependência maior da visão para controlar seus movimentos. O objetivo desta tese foi investigar a influência da informação visual no desempenho do controle postural e no acoplamento visuomotor de pessoas com DP, em comparação com pessoas sem DP. Para tanto, foram realizados três estudos, nos quais os participantes permaneceram na posição em pé e quieta dentro de uma sala móvel e foram solicitados a olhar para um alvo na parede frontal, durante tentativas de 60 s. No primeiro estudo, participaram 14 pessoas com DP idiopática (69,6 ± 8,8 anos, Hoehn & Yahr: 1 a 3) e 14 pessoas sem comprometimento neurológico (grupo controle, 68,6 ± 3,0 anos). Cada participante realizou 10 tentativas: na primeira tentativa, a sala permaneceu parada e nas demais a sala foi movimentada na direção ântero-posterior em frequências de 0,1, 0,17 e 0,5 Hz (três tentativas em cada frequência). Um sistema de análise do movimento (Optotrak Certus) registrou o deslocamento da sala móvel e a oscilação dos participantes. O desempenho postural foi examinado usando a amplitude média de oscilação (AMO), e a relação entre informação visual e oscilação corporal foi examinada usando coerência, ganho, fase, variabilidade de posição e de velocidade. O grupo com DP apresentou maior magnitude de oscilação corporal que o grupo controle nas condições de sala parada e em movimento. A oscilação corporal das pessoas com DP foi induzida pela manipulação visual em todas as frequências do estímulo visual, mas sua oscilação corporal foi menos coerente em comparação com o grupo controle. No entanto, nenhuma diferença foi observada na estrutura do acoplamento visuomotor. No segundo estudo, participaram 21 pessoas com DP idiopática (62,1 ± 7,2 anos, Hoehn & Yahr: 1 e 2) e 21 pessoas no grupo controle (62,3 ± 7,1 anos). Cada participante realizou 10 tentativas: na primeira tentativa, a sala permaneceu parada e nas demais a sala foi movimentada na direção ântero-posterior, em 3 blocos de 3 tentativas, com diferentes condições de complexidade e previsibilidade do estímulo visual. No primeiro bloco, a sala foi movimentada com frequência de 0,2 Hz (condição “periódico simples”); no segundo bloco, a sala foi movimentada com frequências periódicas combinadas de 0,1, 0,3 e 0,5 Hz (condição “periódico complexo”); no terceiro bloco, a sala foi movimentada com frequências não periódicas combinadas de 0,1, 0,3 e 0,5 Hz (condição “não periódico complexo”). Sem manipulação visual, não houve diferença na AMO entre os grupos. Com a manipulação visual, o grupo com DP apresentou maior magnitude de oscilação apenas na condição não periódico complexo. Pessoas com DP oscilaram atrasadas em relação à sala móvel, com maiores valores de fase em comparação com seus pares, mas apenas na condição “periódico simples”. Nenhuma diferença entre os grupos foi encontrada nas outras variáveis. No terceiro estudo, os participantes foram os mesmos do segundo estudo. Cada participante realizou 3 blocos de 3 tentativas, com a sala se movendo com frequência de 0,2 Hz: no primeiro bloco, não foi dada informação sobre o movimento da sala; no segundo bloco, os participantes foram informados sobre o movimento da sala e solicitados a resistir (não oscilar junto com a sala). O grupo com DP apresentou maior AMO que o grupo controle. Nas demais medidas, não houve diferença entre os grupos, exceto na variabilidade de velocidade na condição sem informação, em que o grupo com DP obteve maiores valores. Na condição de resistir ao estímulo visual, os grupos apresentaram menor AMO e menor ganho que na condição sem informação. Considerando os resultados dos 3 estudos, pode-se sugerir que pessoas com DP, embora apresentem declínio no desempenho do controle postural e atraso no processamento da informação visual previsível, não apresentaram alteração no acoplamento visuomotor, independente da complexidade e da previsibilidade do estímulo visual ou do fato de o controle ser automático ou haver envolvimento intencional. Portanto, conclui-se que os mecanismos do sistema nervoso central responsáveis pelo uso da informação visual para o controle postural de pessoas nos estágios iniciais da DP estão preservados.