Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Silva, Luciana de Araújo Mendes
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Orientador(a): |
Bittar, Cleria Maria Lobo |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade de Franca
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Doutorado em Promoção de Saúde
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Departamento: |
Pós-Graduação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/384
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Resumo: |
A Síndrome de Burnout é reconhecida como um problema social de saúde diretamente relacionado ao trabalho. Suas manifestações se evidenciam em três dimensões, que são a exaustão emocional, a despersonalização e a baixa realização profissional, e pode ocasionar adoecimento físico e mental, licenças temporárias e até mesmo o afastamento definitivo do profissional de seu trabalho. Suas causas e consequências têm sido cada vez mais pesquisadas, embora os resultados de estudos referentes às formas de enfrentamento e combate de sua ocorrência, que utilizaram técnicas ou procedimentos de natureza qualitativa, ainda sejam escassos na literatura. Os objetivos são analisar a rotina de trabalho de um grupo de docentes de Educação Infantil e Ensino Fundamental, bem como investigar sobre os sinais da Síndrome do Burnout e identificar as estratégias utilizadas por eles para minimizar as consequências negativas à saúde advindas do trabalho. O estudo foi realizado em duas etapas. Na primeira houve a participação de 49 docentes da Educação Infantil e Ensino Fundamental de escolas municipais de um município do interior de Minas Gerais que responderam a um questionário sociodemográfico e ocupacional e ao inventário Maslach Burnout Inventory (MBI), que identifica a ocorrência das dimensões da síndrome. A maior parte dos participantes era do sexo feminino, na faixa etária de 21 a 63 anos, sendo a maioria casada (51,0%) e com filhos (79,6%). A renda mensal das participantes variou nas faixas de até R$ 1.760,00 (42,9%) e de R$ 1.761,00 a R$ 3.520,00 (57,1%). A carga horária de 32,6% é de 41 horas ou mais e 69,4% têm tempo de atuação na docência acima de dez anos. A análise dos dados do MBI mostrou que dos 49 participantes, 18 (36,7%) apresentam sinais de pelo menos uma das dimensões da síndrome. Na segunda etapa da pesquisa, foi utilizada a técnica de grupo focal com oito docentes que apresentavam sinais das dimensões da Síndrome de Burnout que se dispuseram a participar dessa fase, sendo discutidos durante oito encontros temas relacionados ao contexto da profissão docente, a síndrome e seu enfrentamento. As falas das participantes do grupo focal foram gravadas, transcritas e discutidas à luz do método de análise temática de conteúdo. As participantes referiram que a escolha profissional docente pode ocorrer por vocação ou falta de opção. Mencionaram que a docência é pouco valorizada e isso causa nelas certo nível de insatisfação. Discorreram que as relações interpessoais no trabalho nem sempre são adequadas e que os recursos didático-pedagógicos e a estrutura física das escolas nem sempre são satisfatórios. O comportamento dos alunos, o número de alunos por classe, a jornada semanal de trabalho, a burocracia, a quantidade de atividades a ser desenvolvida dentro e fora da escola, incluindo-se as que não caracterizam tarefa docente, a falta de parceria entre colegas, o pouco reconhecimento e os salários inadequados são alguns problemas que refletem em suas vidas. Para enfrentamento destas situações afirmaram recorrer ao silêncio, a filmes, à leitura, frequentar a igreja, sair com amigos. O uso de medicamentos é constante e comum. Alegaram receber poucos incentivos em ações que as auxiliem na promoção da saúde e melhoria de qualidade de vida. Ao final dos encontros sugeriram ações para melhoria de suas condições de saúde e de trabalho, sendo as mais relevantes a diminuição do número de alunos por turma, da carga horária e das tarefas; tornar maior o envolvimento dos pais com a escola, melhorar as políticas públicas quanto à valorização docente e o salário; e ampliar os momentos em grupo para reflexão sobre trabalho, vida e troca de informações que impactam na saúde. O grupo mostrou que, no plano da coletividade, por meio do fortalecimento de laços, trocas e experiências, é possível uma construção que no individual não se consegue vislumbrar. O intuito é o empoderamento das pessoas, que, vivendo o problema, têm também os recursos para solucioná-lo, na medida de suas possibilidades. Além de iniciar uma reconfiguração no grupo, acredita-se que a partir dele, as sugestões obtidas possam se reverter em ações a serem adotadas pelos gestores a favor de melhoras nas condições de trabalho e saúde da categoria profissional investigada. |