A política do dizer na esfera escolar: uma análise de polêmica sobre interdição de obra literária

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Branquinho, Lilian lattes
Orientador(a): Louzada, Maria Silvia Olivi lattes
Banca de defesa: Mendonça, Marina Célia lattes, Pernambuco, Juscelino lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade de Franca
Programa de Pós-Graduação: Programa de Mestrado em Linguística
Departamento: Pós-Graduação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/782
Resumo: Esta pesquisa se beneficia dos estudos do Círculo de Bakhtin em relação aos conceitos de gêneros discursivos, esfera e ideologia. O filósofo russo estabelece que o sujeito enuncia a partir de uma dada esfera de atividade humana e, por isso, seu discurso recebe coerções desta mesma esfera, manifestando as ideologias e os valores sociais que circulam nas mesmas. Nosso objeto de análise são discursos polêmicos presentes nas mídias, em especial a digital, em que se polemiza sobre a adequação do livro Aventuras Provisórias, de Cristóvão Tezza, distribuído em 2009, pelo governo estadual de Santa Catarina para as escolas públicas de Ensino Médio e usado como suporte para atividades didáticas de leitura e estudo da língua. O livro foi entendido pelas escolas como inadequado para a faixa etária a que foi destinado por possuir conteúdo pornográfico, referente a descrições de relações sexuais; em consequência, o estado catarinense recolheu cerca de 130 mil exemplares da obra. Considerando o livro Aventuras Provisórias como um enunciado que gera respostas, nosso objetivo foi fazer uma análise qualitativa e comparativa dos corpora selecionados nas mídias, a fim de investigar o que se pode dizer na escola, refletindo sobre os valores ideológicos que são materializados e refratados na esfera escolar. Entendemos que essa polêmica gerada em torno da obra literária de Tezza, se deve ao deslocamento de um enunciado pertencente à esfera literária para a esfera escolar, ou seja, ao transitar para a esfera escolar o enunciado literário é considerado inadequado em virtude, especialmente, das suas escolhas lexicais e da sua forma de composição. Nos discursos analisados, constatamos que o que parece motivar a interdição à obra literária considerada ―pornográfica‖ pela esfera escolar é a dificuldade que a escola e seus agentes têm em lidar com temas referidos à sexualidade. Assim, os discursos intolerantes podem ser referidos ao lugar social de onde enunciam os sujeitos: quanto mais próximos e envolvidos na rotina escolar, mais intolerantes são.