Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Silva, André Plez
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Orientador(a): |
Pernambuco, Juscelino
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Banca de defesa: |
Marchezan, Renata Maria Facuri Coelho
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Ludovice, Camila de Araújo Beraldo
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade de Franca
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Mestrado em Linguística
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Departamento: |
Pós-Graduação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/778
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Resumo: |
O presente trabalho teve como objetivo analisar o processo estilístico do romance Quarup (1967), de Antonio Callado, que se insere no quadro da literatura produzida pós-64, a qual explora e expressa o meio social de seu tempo, ou seja, o conturbado período da Ditadura Militar no Brasil. Como objetivo geral, analisamos a arquitetônica do romance, onde verificamos que a construção do estilo não se trata de uma escolha individual e isolada, pois está ligada à estilística sociológica, estando vinculada à vida social do discurso, tendo em sua forma e conteúdo uma determinação com o contexto social concreto, ressoando o diálogo social no próprio discurso e em todos os seus elementos, tanto em nível formal, quanto de conteúdo. Também como marca do estilo, procuramos evidenciar a dupla refração presente na obra, a partir dos estudos de Bakhtin sobre o fenômeno da autoria, onde a voz do autor-pessoa se refrata na voz do autor-criador, evidenciando que o romance de Callado é fruto da esfera jornalística e literária. Como objetivo específico verificou-se dialogicamente o percurso do herói Nando, sob o viés das relações dialógicas de Bakhtin, observando que a peregrinação do herói serviu como mote para a representação da identidade dos muitos brasis, que o autor procurou recuperar a partir de ambientes específicos e recortes históricos, evidenciando o conceito bakhtiniano de cronotopo. Além disso, o percurso de deseducação de Nando, que se iniciou como místico, partindo rumo ao político, mostra o posicionamento do autor na tentativa de formar um herói ideal, que seria um sujeito que se desvincula das ideologias impostas pela cultura colonialista do Brasil, chegando ao revolucionário que luta contra a opressão dos regimes totalitários, demonstrando o estilo, ou seja, a marca autêntica das obras inscritas nos anos de chumbo. Como fundamentação teórica, seguimos Bakhtin em seus conceitos de dialogismo, alteridade, estilo, cronotopo, exotopia, autor-pessoa e autor-criador ([1926]; 1993; 2009; 2010; 2011; 2013), além de seus comentadores, tais como Fiorin (2011), Brait (2012), Faraco (2013), Machado (1990), Marchezan (2015). A metodologia da pesquisa consistiu em levantamento qualitativo de cunho bibliográfico das obras do filósofo russo, além do método indutivo, que consistiu no uso e aplicação dos métodos de Bakhtin para chegar ao geral. Após a leitura bakhtiniana do Quarup, apurou-se que o gênero romanesco está inserido em uma estratificação interna da linguagem, revelando a diversidade social e a divergência de vozes sociais que ele encerra, elencando uma realidade plurilinguística, pluridiscursiva e plurivocal. A pesquisa comprovou que o Quarup é um romance de resistência durante a ditadura, pois mostra um período da cultura e da história brasileira num estilo que deriva justamente desse momento histórico, pois não teria o estilo se não fosse o momento, sendo a marca legítima do estilo das pessoas, ou seja, a marca cultural do Brasil. |