Teorias e percepções de democracia : a (não) participação política entre alunos da Educação de Jovens e Adultos de Brasília

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Sales, Gabriela Lopes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unb.br/handle/10482/51773
Resumo: Esta dissertação surge a partir do objetivo de elucidar o elo entre a teoria democrática schumpeteriana e a teoria do comportamento político. Schumpeter parte de pressupostos elitistas acerca da organização social e da natureza humana: sempre haverá uma minoria governante, porque a maioria é incapaz, egoísta e irracional, e, portanto, deve ter sua participação política limitada ao momento eleitoral (Miguel, 2002); os comportamentalistas aderem à definição procedimental de democracia, construída primeiramente sobre estes ideais, ou, ao menos, a aceitam tacitamente. O primeiro objetivo específico era argumentar como suas conclusões, apesar de serem apresentada como descrições e explicações realistas, resultantes de sofisticadas análises de dados, são enviesadas por essa congruência, ocasionalmente obscurecida, com uma determinada teoria democrática. Essa crítica já havia sido delineada por Pateman (1992) e Macpherson (1977), e é a partir do que foi pontuado por eles que se passou a investigar no que consiste a apatia política defendida pelos seguidores da democracia procedimental, cumprindo, assim, o segundo objetivo. O terceiro e último objetivo específico era, após compreender que a apatia, vista pelos comportamentalistas como natural e benéfica à democracia, era resultante de constrangimentos da estrutura política, investigar quais são as percepções que pessoas “apáticas” teriam de democracia, política e do próprio interesse e participação, o que foi realizado por meio de um estudo de caso qualitativo com entrevistas em profundidade semiestruturadas. Vinte alunos do CESAS, o Centro Educacional de Jovens e Adultos da Asa Sul (Brasília), foram entrevistados e, a partir do nosso diálogo, percebemos que não se pode falar em uma “apatia” como descrita (e prescrita) anteriormente, o que há é uma sensação de distanciamento da política institucional e de inutilidade da própria participação, já que, de fato, o sistema político é menos permeável aos interesses de pessoas menos favorecidas; as concepções de democracia e política ora se restringem à dimensão formal, ora se ampliam e incorporam o cotidiano, e muitas mulheres relataram não conhecer o suficiente, saber menos que seus maridos, e ter menos tempo disponível para se dedicar ao assunto graças a suas duplas ou triplas jornadas. Concluímos que a anuência à definição schumpeteriana, alinhada à economia de mercado, e a defesa da institucionalidade dada diminui a qualidade das contribuições da ciência política mainstream, e não correspondem à “Verdade”, mas a uma determinada forma de enxergar e compreender a realidade dentre outras possíveis.