E na Venezuela? Representações que embasam práticas docentes de professores de português para migrantes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Bordallo, Renata Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.unb.br/handle/10482/51700
Resumo: A crise econômica e social atual enfrentada pela Venezuela intensificou o fluxo de venezuelanos para o Brasil e, consequentemente, revelou demandas específicas por inserção social, educacional, cultural e política desse grupo. Entre as inúmeras demandas decorrentes dos fluxos migratórios internacionais, o ensino da língua oficial do país acolhedor está no centro do debate. A oferta de cursos, em diversos contextos de educação, de português para migrantes e a publicação de material didático para essa demanda se multiplicaram na última década (ACNUR/CSVM, 2022). Partindo do princípio de que a aula de línguas como um espaço estratégico para a construção de novos pontos de vista e para a promoção de agentes de mudança social e cultural e do princípio de que essas ações se dão na arena da representação (Hall, 1997; Silva, 2006), cujo papel é central na formulação de políticas linguísticas, no estabelecimento das relações sociais com migrantes e na prática docente de ensino da língua do país acolhedor para esse público, surgiu a ideia de estudar as representações que embasam a prática docente de professoras em formação – licenciandas no curso de Letras-Português do Brasil como Segunda Língua (PBSL) da Universidade de Brasília (UnB) – no ensino de português para migrantes venezuelanos. Para tanto, analisamos, sob a luz da abordagem qualitativa de investigação (Flick, 2009), dados gerados em aulas online de português para migrantes venezuelanos, em reuniões e encontros pedagógicos realizados também na modalidade online e em materiais didáticos empregados pelas professoras em suas aulas. Para interpretá-los, adotamos as lentes da Análise do Discurso Crítica (Thompson, 2011). O estudo evidenciou que: (a) a representação com a qual as professoras, em sua prática docente, lidam reduz seus alunos venezuelanos a um número limitado de características gerais e situando-os necessariamente no lugar do “outro deslocado” na sociedade brasileira e praticamente sem recursos; (b) para as docentes, migração e migrante são temas constrangedores e devem ser evitados nas aulas; (c) o campo do trabalho é o pano de fundo do contexto de português para migrantes, por meio do qual as professoras justificam o ensino de quaisquer que sejam os aspectos linguísticos ou culturais; (d) as representações das docentes acerca dos migrantes venezuelanos são muito próximas aos discursos veiculados pela mídia hegemônica, o que resulta em apagamento da história e em incompreensão dos movimentos migratórios na América Latina; (e) elas não tinham clareza das proximidades culturais e linguísticas entre Venezuela e Brasil, países vizinhos geográfica e historicamente. O estudo nos permite dizer que as representações acerca da migração venezuelana com as quais as professoras operam vão na contramão da ideia de aula de línguas como um espaço estratégico para mudanças sociais e políticas no acolhimento de migrantes da América do Sul.