Uso do solo na bacia do rio Doce: relações com o clima e com o desastre da SAMARCO/BHP Billiton/VALE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Neves, Danilo de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/29760
https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2022.346
Resumo: As mudanças na paisagem associadas a dinâmica de uso do solo, são resultado de forças motrizes atuantes neste mesmo espaço, desde o clima, a disponibilidade de recursos, até os interesses econômicos. Na bacia hidrográfica do rio Doce, que abrange os estados de Minas Gerais e Espirito Santo, além do jogo de forças que delinearam o processo de ocupação e consequente degradação ambiental a partir do século XVI, a lógica capitalista, e mais especificamente o setor de mineração, foram responsáveis pelo maior desastre ambiental da história do Brasil, caracterizado pelo rompimento da barragem do Fundão em Mariana, no dia 5 de novembro de 2015. Buscamos caracterizar a dinâmica de uso do solo na bacia do rio Doce entre 2012 e 2019 e identificar possíveis relações com o desastre da SAMARCO e as características climáticas da região. Utilizamos dados de uso do solo obtidos na plataforma MapBiomas (coleção 5.0) para os 226 municípios que compõem a bacia do rio Doce, comparando antes (2012-2015) e após (2016-2019) o desastre. Avaliamos forças motrizes antrópicas (extensão de rodovias e área urbana dentro de cada município) e naturais (declividade média, temperatura e precipitação média anual para cada município), como variáveis explicativas das transições de uso do solo, de “Uso Agropastoril” para “Cobertura Vegetal” (abandono de atividade agropastoril) e vice-versa (expansão agropastoril). Antes do desastre (2012 – 2015) os municípios às margens do rio Doce (adjacentes) apresentaram precipitação e temperatura média anual como vetores motrizes positivos (maior abandono agropastoril), e efeito inverso no caso de precipitação, ou não significativo no caso de temperatura nos municípios “não adjacentes” ao rio Doce. No período após o desastre (2016 – 2019), desapareceram as diferenças entre municípios “adjacentes” e “não adjacentes” à calha do rio Doce: tanto precipitação como temperatura média anual tiveram efeito negativo (redução) nas transições de abandono agropastoril. Não houve diferença nos vetores motrizes das transições de “Cobertura Vegetal” para “Uso Agropastoril” (expansão agropastoril), entre municípios “adjacentes” e “não adjacentes” à calha do rio Doce. Mas detectamos uma mudança quase completa entre os vetores motrizes da transição “expansão agropastoril” entre antes (2012 – 2015) e após (2016 – 2019) o desastre da SAMARCO. Antes do desastre havia um efeito negativo da precipitação e temperatura (menor expansão agropastoril), após o desastre desapareceram estes dois vetores e surgiram um efeito positivo da declividade (expansão de atividades agropastoris para áreas mais íngremes) e negativo de área urbana nos municípios (diminuição da expansão agropastoril nos municípios com maior área urbana). Nos dois períodos detectamos efeito positivo da extensão de rodovias no município sobre a expansão das atividades agropastoris. Nossos resultados mostraram como a combinação de forças motrizes naturais e antrópicas, foram responsáveis pela manutenção da cobertura vegetal ou pelo abandono de atividades agropastoris na bacia do rio Doce. Acreditamos que a interdisciplinaridade, entre ciências como a ecologia e a geografia, com ênfase na interação entre seres humanos e a natureza são capazes de juntas propor soluções para problemas ecológicos e sociais, dando subsídios para tomada de decisões sobre o uso do solo, e principalmente na criação de políticas públicas para as regiões e grupos familiares mais vulneráveis. Palavras-chave: Uso do solo. Rompimento. Ecologia de paisagens. Forças motrizes. Paisagem.