Resposta de Telenomus remus Nixon (Hymenoptera: Scelionidae) e Trichogramma atopovirilia Oatman & Platner (Hymenoptera: Trichogrammatidae) a voláteis de plantas e ovos de Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2001
Autor(a) principal: Faria, Cristina Arantes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/11250
Resumo: A lagarta do cartucho Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) é uma praga polífaga de grande importância para várias culturas. Atualmente, vem sendo controlada principalmente através da utilização de inseticidas, entretanto alguns agentes de controle biológico apresentam potencial para reduzir o tamanho das suas populações, entre eles Telenomus remus Nixon (Hymenoptera: Scelionidae) e Trichogramma atopovirilia Oatman & Platner (Hymenoptera: Trichogrammatidae), que são parasitóides de ovos de S. frugiperda. O entendimento de como os inimigos naturais de determinada praga interagem entre si e com os outros componentes do sistema é fundamental para o manejo de pragas. Dessa forma, foram realizados testes em olfatômetro de 4 braços, com o objetivo de esclarecer como T. remus e T. atopovirilia se relacionam entre si e com diferentes plantas hospedeiras. Teste 1: Avaliou os sinais que as fêmeas das duas espécies de parasitóides utilizam para localizar S. frugiperda, qual a influência de diferentes plantas hospedeiras sobre a busca dos parasitóides e se, através da detecção de diferentes sinais, há separação das guildas dos parasitóides. As fontes de odor utilizadas foram: milho, sorgo, algodão, milho + ovos de S. frugiperda, sorgo + ovos de S. frugiperda, algodão + ovos de S. frugiperda, ovos de S. frugiperda, e ovos de S. frugiperda lavados com hexano. Teste 2: Avaliou se fêmeas de T. remus e T. atopovirilia criadas massalmente, que emergem num ambiente com estímulos provenientes da cultura-alvo (milho) e do hospedeiro (fêmeas experientes), buscam o hospedeiro mais eficientemente e são mais capazes de discriminar entre plantas com e sem hospedeiros do que fêmeas que emergem em condições normais de criação massal (fêmeas inexperientes). Teste 3: Avaliou se T. remus e T. atopovirilia são arrestados da mesma forma por ovos de S. frugiperda parasitados por coespecíficos, por heteroespecíficos e não-parasitados, e se os parasitóides são capazes de discriminar entre ovos parasitados por co ou heteroespecíficos e não-parasitados. Em todos os testes, o parâmetro avaliado foi o tempo que as fêmeas gastaram em cada um dos braços do olfatômetro, sendo os resultados obtidos analisados pelos testes de Wilcoxon ou Kruskal-Wallis, seguido pelo teste de comparações múltiplas (P< 0,05). As fêmeas das duas espécies foram arrestadas por voláteis provenientes das plantas hospedeiras, plantas hospedeiras + ovos, e ovos de S. frugiperda, não sendo arrestadas pelos ovos de S. frugiperda lavados com hexano. Isso indica que as fêmeas utilizam voláteis provenientes de várias plantas hospedeiras e do hospedeiro para sua localização. O fato das fêmeas não terem sido arrestadas por ovos lavados com hexano significa que o(s) composto(s) presente(s) na superfície dos ovos e que são responsáveis pelo arrestamento dos parasitóides, são solúveis nessa substância. Comparando-se as respostas das fêmeas das duas espécies, é possível perceber que não houve diferenças de arrestamento das fontes milho, sorgo, algodão, ovos e ovos lavados, entre elas. Entretanto as fêmeas de T. remus foram significativamente mais arrestadas pelas fontes milho+ovos, sorgo+ovos e algodão+ovos do que as fêmeas de T. atopovirilia, o que indica que semioquímicos do complexo planta+hospedeiro são usados mais eficientemente por T. remus. Quando as fêmeas de T. remus e T. atopovirilia tiveram a chance de escolher entre plantas com e sem posturas, ambas preferiram plantas com postura, exceto T. atopovirilia em sorgo. Isso indica que os parasitóides são capazes de discriminar, utilizando voláteis, áreas com e sem hospedeiros, dessa forma otimizando a busca. Quando tiveram a oportunidade de escolher entre voláteis provenientes de milho, sorgo e algodão, as duas espécies apresentaram respostas semelhantes, indicando que pequenas diferenças interespecíficas na resposta a voláteis de diferentes plantas hospedeiras podem fazer com que haja redução na sobreposição das guildas das duas espécies. Nos testes de aprendizagem foi observado que fêmeas experientes e não-experientes respondem da mesma forma à planta de milho com ovos. Entretanto, quando têm a possibilidade de escolher entre plantas com e sem ovos, as fêmeas de T. remus, ao contrário das fêmeas de T. atopovirilia experientes, são significativamente mais arrestadas para plantas de milho com ovos do que fêmeas inexperientes, indicando que ocorre aprendizagem em T. remus no momento da emergência. O fato de que esse mecanismo torna a busca pelo hospedeiro mais eficiente faz com que seja um método potencial para melhorar o controle promovido por essa espécie de parasitóide. Com relação ao reconhecimento à distância de ovos parasitados intra e interespecificamente, fêmeas das duas espécies foram arrestadas da mesma forma por ovos parasitados por co ou heteroespecíficos e ovos não-parasitados. Além disso, quando estavam na presença de voláteis provenientes de ovos parasitados intra ou interespecificamente e ovos não-parasitados, não houve diferença no arrestamento dos dois tipos de ovos. Isso indica que as substâncias utilizadas para marcar ovos parasitados só atuam à curta distância, o que pode ser explicado pelo fato de que os marcadores que atuam à longa distância podem tornar os hospedeiros marcados mais conspícuos para hiperparasitóides e predadores, sendo dessa forma detrimentais para a espécie.