Práticas de enfermagem e a segurança do doente no processo de punção de vasos e na administração da terapêutica endovenosa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Braga, Luciene Muniz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade de Lisboa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/19967
Resumo: As práticas de enfermagem relacionadas com o processo de punção de veias periféricas (PPVP) e a administração da terapêutica endovenosa envolvem a prestação de vários cuidados fundamentais para a segurança dos doentes. Do ponto de vista metodológico, esta investigação de doutoramento optou pelo método misto e pela orientação do Medical Research Council, cujos princípios possibilitam implementar e avaliar intervenções complexas. Realizou-se, para este fim, um estudo de caso com o objetivo de compreender as práticas de enfermagem e os fatores que as influenciavam a ponto de comprometer a qualidade dos cuidados prestados aos doentes no que respeita ao PPVP e à administração da terapêutica endovenosa. As categorias temáticas revelaram uma prática de enfermagem com a prestação de diversos cuidados para prevenção de complicações aos doentes. A ausência de um cateter em alternativa ao cateter venoso periférico (CVP) e a indicação deste a todos os doentes constituiu-se num desvio às boas práticas, tendo em vista não se assegurar os critérios para seleção de um cateter venoso. Revelaram, também, que o ambiente dos cuidados, a sobrecarga de trabalho e a equipa médica exercem influências nas práticas de enfermagem colocando em risco a segurança dos doentes em algumas situações. Um estudo de coorte acompanhou 110 doentes, analisou a taxa de incidência de complicações relacionadas com a presença do CVP nos doentes e identificou os fatores de risco para essas complicações. Foram documentadas as seguintes complicações e as suas respetivas taxas de incidência por 1000 CVPs-dia: obstrução (72.7), infiltração (59.7), remoção acidental (65.5), flebite (43.2), saída de fluido pelo local da inserção (20.9) e dor (11.5). Um modelo logístico multivariado revelou os fatores de risco para essas complicações, a saber: a idade, o tempo do internamento, a inserção do CVP no antebraço e no membro inferior, o número de CVPs inseridos, o número de punções venosas e os antibióticos meropenem e piperacilina/tazobactan. O estudo transversal sobre os conhecimentos dos enfermeiros acerca da prestação de cuidados aos doentes na inserção, manutenção e vigilância do cateter venoso central de inserção periférica (PICC) evidenciou respostas corretas entre 55% e 945% (média de 15.5 em 30 pontos), denotando um desconhecimento dos mesmos. Os resultados destes três estudos permitiram planear uma intervenção educativa que objetivou capacitar a equipa de enfermagem para otimizar os cuidados aos doentes na inserção, manutenção e vigilância do PICC. As ações realizadas permitiram a equipa de enfermagem prestar cuidados aos doentes portadores de PICC e na sequência a implementação de um estudo-piloto por meio de uma coorte com a finalidade de avaliar a taxa de incidência de complicações nos doentes portadores PICC comparativamente àqueles com CVP numa amostra constituída por nove doentes com PICC e 36 doentes com CVP. A obstrução foi a única complicação nos doentes portadores de PICC, com uma taxa de incidência de 2.3 por 100 cateteres-dia. No período de utilização do PICC verificou-se uma redução nas complicações nos doentes portadores de CVP entre 63% e 223%. Tendo em vista a incorporação de tecnologias no que respeita ao PICC e os conhecimentos assentes nas evidências científicas nas práticas de enfermagem, realizou-se um estudo qualitativo por meio da técnica do grupo focal para compreender as mudanças ocorridas nas práticas de enfermagem com a utilização do PICC nos doentes. Da análise temática emergiram benefícios para os doentes e os enfermeiros, nomeadamente na administração da terapêutica endovenosa de forma rápida e segura, e na redução no número de punções venosas, de dor, de ansiedade, de stresse e de complicações locais nos doentes. Os resultados desta investigação proporcionaram avanços para a prática de enfermagem no âmbito do PPVP e da administração da terapêutica endovenosa. Houve incorporação de tecnologia dura (PICC) e leve-dura (conhecimentos científicos) nas práticas de enfermagem, com repercussões para a equipa de enfermagem e para a segurança, a qualidade dos cuidados de enfermagem e o bem-estar dos doentes.