Relações solo-vegetação no Parque Nacional da Serra do Cipó, Espinhaço Meridional, Minas Gerais
Ano de defesa: | 2009 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Fertilidade do solo e nutrição de plantas; Gênese, Morfologia e Classificação, Mineralogia, Química, Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/1594 |
Resumo: | A região da Serra do Rio Cipó, localizada na porção meridional- sul da Serra do Espinhaço, corresponde a extensas áreas de Cerrado, Mata Atlântica, Capões de Mata e um dos mais ricos Complexos Rupestres do Brasil. O caráter transicional entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, destacado em numerosos estudos de fauna e flora regionais, é um dos fatores responsáveis pela notável diversidade biológica encontrada naquele ecossistema. O presente trabalho teve por objetivo caracterizar seqüências de solos, representativos da Serra do Cipó, em diferentes litologias e formações vegetais; descrever e caracterizar os aspectos florísticos e fitofisionômicos do componente arbóreo de dois capões da mata, bem como evidenciar as relações solo-vegetação daquela área, através do estudo de gradientes de solo e vegetação de Campos Rupestres até dois capões florestais na região do Alto Palácio , Parque Nacional da Serra do Cipó (Parna-Cipó) e APA Morro da Pedreira. O levantamento florístico de dois transectos (T1 e T2) foi realizado a partir de 64 parcelas de 10 m x 10 m, correspondendo a uma área amostrada de 6.400 m2. O levantamento florístico total, destes dois transectos, resultou em 1.535 indivíduos identificados, distribuídos em 213 espécies de 50 famílias. Os indivíduos arbóreos inventariados foram aqueles que apresentaram CAP ≥ 15 cm (circunferência de tronco a 1,30 cm do solo). Em 40 parcelas florestais foram identificados 887 indivíduos de 164 espécies arbóreas, distribuídas em 40 famílias de angiospermas, cujas espécies de maior ocorrência foram Guatteria selowiana (Annonaceae), Casearia decandra (Flacourtiaceae), Coussarea contracta (Rubiaceae), Tibouchina cf. stenocarpa (Melastomataceae), Myrcia splendens, Myrcia amazonica (Myrtaceae) e Myrsine ferruginea (Myrsinaceae). As famílias com maior número de indivíduos foram Myrtaceae com 159 indivíduos, Rubiaceae (78), Lauraceae (74), Annonaceae (67), Myrsinaceae (60) e Melastomataceae (56). As famílias com maior número de espécies foram Myrtaceae com 30 espécies, Lauraceae (27 spp.), Leguminosae (8 spp.), Melastomataceae (7 spp.), Sapindaceae (7 spp.) e Sapotaceae (6 spp.). Foram abertos 17 perfis de solo distribuídos em 3 transectos de campo rupestre para floresta. O capão florestal do Transecto 1 encontra-se sobre solos derivados do intemperismo de rocha Metapelítica (Filito). O capão florestal do Transecto 2 encontra-se sobre solos derivados do intemperismo de rocha Metapsamítica (Quartzito). O capão florestal do Transecto 3 encontra-se sobre solo derivado do intemperismo de rocha Metabásica (Anfibolito). Os dados do Transecto 3 foram utilizados como informações adicionais no 3° Capítulo do trabalho. Os solos da Serra do Cipó, independentemente da matriz geológica, da profundidade do perfil e da fitofisionomia que sobre eles se desenvolve, são geralmente ácidos, pobres em nutrientes e ricos em alumínio trocável. A pobreza química é devida principalmente à natureza da matriz geológica dominante do sistema e, em parte, às perdas por lixiviação e erosão que o sistema apresentou e apresenta. Nas áreas de solos mais profundos, independentemente da rocha matriz, a vegetação grada de arbustiva a arbórea, caracterizada pelos Capões Florestais que ocorrem em três situações distintas. Os mais freqüentes encontram-se sobre solos derivados do intemperismo de rochas Metapelíticas (Filito). Em segundo lugar, estas fitofisionomias florestais ocorrem sobre solos derivados do intemperismo de rochas Metabásicas (Anfibolito). A condição mais rara é a ocorrência destas formações florestais sobre solos derivados do intemperismo de rochas Metapsamíticas (Quartzito). Ainda que se observe nestes locais uma maior riqueza aparente, predominam ali solos extremamente pobres em nutrientes, onde os Capões Florestais ocorrem como verdadeiras ilhas em meio ao ambiente campestre que os envolve. As propriedades físicas dos solos, como profundidade e textura, favorecem a retenção de umidade no solo e o desenvolvimento da fitofisionomia florestal. Nos solos de textura arenosa, cerca de 80% da fração areia é constituída de areia muito fina (0,106 a 0,053 mm) que exerce um papel importante na retenção de umidade nestes solos, cujo equivalente de umidade (U) médio (média simples, Transecto 2), apresentou o valor de 0,15; contra 0,24 (média simples) dos solos argilosos do Transecto 1. Do ponto de vista químico, os solos onde ocorrem os Capões Florestais são ligeiramente menos pobres do que aqueles do ambiente campestre. A umidade no sistema é notadamente mais elevada na vertente leste da Serra, onde a vegetação florestal é florísticamente associada ao Bioma Mata Atlântica e corresponde a Disjunções de Floresta Ombrófila com elementos que caracterizam a Mata Nebular. Os resultados deste trabalho indicam que, dada a pobreza química dos solos e de suas rochas de origem, a grande reserva de nutrientes dos capões florestais encontra-se na própria vegetação, que é muito dependente da ciclagem biogeoquímica. Tais resultados indicam ainda que estes capões, além de suas relações florísticas com o Bioma Mata Atlântica, possuem características e identidade próprias, sobretudo pelos seus aspectos florísticos e ecológicos, o que os diferencia de outras formações florestais, tornando-os objetos de grande interesse científico e conservacionista. |